“Atchim, santinho”. Alérgicos ao pólen com plataforma de informação polínica
22-05-2020 - 20:33
 • Rosário Silva

Depois de muita chuva e do confinamento obrigatório, a primavera segue com níveis elevados de concentração de pólenes. Preocupados, investigadores da Universidade de Évora, em parceria com outras instituições, criaram o “Pólen Alert”.

Estão a chegar “dos dias menos agradáveis para os indivíduos alérgicos por causa dos “níveis elevados de pólen de gramíneas e oliveira”. O alerta é feito por investigadores da Universidade de Évora que criaram a plataforma Pólen Alert.

De acesso livre, através de gráficos de fácil leitura, a plataforma disponibiliza informação sobre o risco de exposição a pólen, e “mais de 20 tipos que incluem os considerados mais alergizantes”.

Tudo registado pelo Observatório de Ciências da Atmosfera, do Instituto de Ciências da Terra (ICT), instalado em Évora e disponível para consulta, com informação respeitante a quatro cidades portuguesas: Évora, Porto, Guarda e Lisboa, sendo que os investigadores ainda estão a trabalhar os dados relativos à capital portuguesa, esperando disponibilizá-los já na próxima semana.

Depois de uma primavera com bastante chuva e dois meses de confinamento devido à covid-19, os próximos dias prometem dar que fazer à comunidade, sobretudo para quem é alérgico a estes minúsculos, mas extremamente desagradáveis, grãos produzidos pelas flores.

“Ajudar a pessoa alérgica a gerir a alergia e adotar medidas de prevenção da exposição no período de maior risco é o que se pretende”, indica Célia Antunes, investigadora Instituto de Ciências da Terra (ICT), alertando, contudo, as pessoas afetadas para a necessidade de continuarem “a seguir as indicações dos alergologistas ou médico de família”.

Criado em parceria entre polos do ICT de Évora e do Porto (Universidades de Évora - UÉ e do Porto), o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e o Instituto Politécnico da Guarda, o Observatório de Ciênciasda Atmosfera do ICT, instalado num dos edifícios da UÉ, em Évora, “funciona em permanência, 24 horas por dia, à taxa de 10L/min.”

Ainda de acordo com a UÉ, “depois de recolhidos e seccionados em sete secções correspondentes a cada dia da semana, os investigadores observam estes pólenes ao microscópio, o que lhes permite não só a identificação dos tipos polínicos, mas também a sua contagem, para que no final seja possível determinar a concentração de pólen no ar (grãos/m3).”

Célia Antunes recorda que o pólen “é parte do sistema reprodutor masculino das plantas e participa na reprodução sexuada das mesmas" recorrendo algumas delas "ao vento como agente disseminador do pólen (plantas anemófilas).”

Estas, por sua vez, durante a sua época polínica, “emitem enormes quantidades de pólen para a atmosfera e esse pólen pode desencadear doença alérgica respiratória nos indivíduos suscetíveis”, esclarece a investigadora, pelo que esta plataforma é considerada “uma ferramenta bastante útil para quem sofre de patologias alérgicas respiratórias ou dermatológicas.”

A página, que mostra os dados polínicos, pretende constituir-se como ferramenta de consulta útil para investigadores, responsáveis municipais, profissionais de saúde, alérgicos, bem como para o público em geral.