O PCP quer que o Parlamento discuta a contratação de Maria Luís Albuquerque por uma empresa britânica de gestão de dívida. A ex-ministra das Finanças e actual deputada do PSD vai assumir, a partir de 7 de Março, um lugar na administração da Arrow Global. Também o PS e o Bloco de Esquerda apontam dúvidas à contratação.
“Essa contratação oferece-nos sérias dúvidas e o grupo parlamentar do PCP vai colocar à subcomissão de ética essa questão”, disse esta quinta-feira aos jornalistas o deputado Jorge Machado. A subcomissão parlamentar deverá elaborar “um parecer que afira da legalidade” da contratação.
“Há sérias dúvidas relativamente à violação do regime de incompatibilidades e impedimentos dos deputados. Coloca-se também a violação do chamado período de nojo – titulares de cargos públicos quando cessam funções não podem exercer actividades nos ramos que tutelaram”, afirma Jorge Machado.
A contratação já motivou também críticas das deputadas Mariana Mortágua e Catarina Martins. No Facebook, as bloquistas escreveram que a notícia deverá ser entregue “ao cuidado da Comissão de Inquérito ao Banif”.
“Maria Luís Albuquerque acaba de ser contratada como directora pelo grupo Arrow Global, que compra e gere carteiras de dívida de países europeus. Um grupo que teve lucros recorde em 2015, graças a negócios em Portugal e na Holanda. Comprou duas empresas do sector em Portugal, Whitestar e Gesphone, que sabemos estarem envolvidas na compra de activos do Banif”, escrevem.
PS pede "explicações"
O líder parlamentar do PS, Carlos César, disse que a Assembleia da República, através da subcomissão de Ética, deve avaliar a contratação pela Arrow Global de Maria Luís Albuquerque.
"Não é uma situação que possa ser displicentemente tratada. Terão de existir explicações sobre essa matéria", vincou César, que falava à margem de uma visita à feira de turismo BTL. E prosseguiu: "Uma coisa é certa: a AR deve apreciar, no âmbito da sua [sub]comissão de ética, essa conformidade", até porque é importante haver uma "definição clara" dos interesses dos políticos.
Para Carlos César, tem de haver uma "separação entre aquilo que tem de ser separado em abono da qualidade e transparência" da vida política.
Maria Luís, que vai ser administradora não executiva da Arrow Global, defende-se, criticando o "aproveitamento político-partidário" do assunto.