Papa aos jovens. “Deus nunca Se envergonha de ti, perdoa sempre”
14-09-2021 - 15:57
 • Renascença

Francisco pede às novas gerações que se rebelem contra a “cultura do provisório”.

Francisco encontrou-se com milhares de jovens durante a visita que está a realizar à Eslováquia. Papa considera que é preciso lutar contra a cultural de pessimismo e lamentação e fez um convite à confissão.

“Deus nunca Se envergonha de ti, perdoa sempre”, disse esta terça-feira o Papa Francisco durante um encontro com milhares de jovens, no Estádio Lokomotiva, na cidade de Košice, um dos pontos altos da visita à Eslováquia.

Perante milhares de pessoas, o Papa começou por pedir aos jovens que se rebelem contra a “cultura do provisório”.

“Hoje a verdadeira originalidade, a verdadeira revolução é rebelar-se contra a cultura do provisório, é ir além do instinto e do instante, é amar por toda a vida e com todo o próprio ser.”

O Papa disse aos jovens que estamos na Terra, não para “ir vivendo”, mas para “fazer da vida um empreendimento grandioso”, com amor e heroísmo à semelhança de Jesus Cristo.

“Todos vós tereis em mente grandes histórias que lestes nos romances, vistes nalgum filme inesquecível, ouvistes nalgum conto comovente. Se pensardes bem, nas grandes histórias há sempre dois ingredientes: um é o amor, outro é a aventura, o heroísmo. Andam sempre juntos. Para tornar grande a vida, precisamos de ambos: amor e heroísmo. Fixemos Jesus, contemplemos o Crucifixo: estão presentes os dois, um amor sem limites e a coragem de dar a vida até ao fim, sem meias medidas.”

“Lamentação e o pessimismo não são cristãos”

Na sua intervenção no Estádio Lokomotiva, na cidade de Košice, Francisco pediu aos mais novos que não se deixem atingir pela cultura de pessimismo e de resignação.

“Queridos jovens, não vos deixeis condicionar por isto, pelo que está errado, pelo mal que alastra. Não vos deixeis prender pela tristeza ou pelo desânimo resignado de quem diz que nada mudará jamais.”

O Papa alerta que podem “adoecer de pessimismo” e “envelhecer por dentro” e jovem, se derem crédito a “tantas forças desagregadoras, tantos que culpam tudo e todos, amplificadores de negatividade, profissionais de lamentações”.

“Não lhes deis ouvidos, porque a lamentação e o pessimismo não são cristãos; o Senhor detesta a tristeza e o fazer-se de vítima. Não estamos feitos para fixar a face na terra, mas para levantar o olhar ao céu”, sublinha.

E quando alguém se sentir em baixo, “há um remédio infalível para erguer-se”: a confissão, convida o Sumo Pontífice.

"Qual é o centro: os pecados ou o Pai que perdoa todos os pecados? Não vamos confessar-nos como pessoas castigadas que se devem humilhar, mas como filhos que correm para receber o abraço do Pai. E o Pai levanta-nos em qualquer situação, perdoa-nos todos os pecados”, disse Francisco.

E se alguém sentir vergonha de conversar sobre os seus problemas na confissão, "não é um problema; trata-se de uma coisa boa", frisou.

"Se te envergonhas, quer dizer que não aceitas aquilo que fizeste. A vergonha é um bom sinal, mas, como qualquer sinal, convida a ir mais longe. Não fiques prisioneiro da vergonha, porque Deus nunca Se envergonha de ti. Ama-te mesmo no ponto em que te envergonhas de ti mesmo. E ama-te sempre”, declarou o Papa.

"Sem medo, sonhai formar uma família"

O Sumo Pontífice disse aos jovens para não terem medo de sonhar com uma beleza que vá além das aparências e das modas, e para não terem medo de formar uma família.

“Por favor, não deixemos transcorrer os dias da vida como episódios duma telenovela. Sonhai uma beleza que vá para além da aparência, para além das tendências da moda. Sem medo, sonhai formar uma família, gerar e educar filhos, passar uma vida inteira partilhando tudo com outra pessoa, sem vos envergonhardes das próprias fragilidades, porque existe ele, ou ela, que as acolhe e ama, que te ama tal como és”.

A propósito de família, o Papa não esqueceu os mais velhos. Pediu aos jovens que vão ter com os avós, que lhes façam perguntas e reservem tempo para ouvir as suas histórias. Há hoje o perigo de crescermos desenraizados, porque temos a tendência para correr, para fazer tudo depressa.