Julian Assange “pode morrer na prisão”, dizem mais de 60 médicos
25-11-2019 - 19:15
 • João Pedro Barros

Em carta aberta, grupo pede que o fundador da Wikileaks seja transferido de uma prisão de alta segurança em Londres para um hospital.

Um grupo de mais de 60 médicos defendeu, esta segunda-feira, em carta aberta, que Julian Assange está em condições de saúde muito débeis e que “pode morrer” se não forem tomadas medidas urgentes. Por isso, os médicos pedem que o fundador da Wikileaks seja transferido da prisão de Belmarsh, em Londres, onde se encontra a cumprir pena, para um hospital universitário

O pedido dos clínicos, oriundos dos Estados Unidos, Reino Unido, Itália, Alemanha, Suécia, Sri Lanka e Austrália, foi formalmente enviado à ministra britânica do Interior, Priti Patel, que ainda não deu qualquer resposta.

Na carta, com 16 páginas, é referido que o fundador da Wikileaks, de 48 anos, “precisa urgentemente" de diagnóstico médico e de tratamento, que deve ser “administrado por pessoal devidamente equipado e com experiência”. “Se o diagnóstico urgente e tratamento não acontecerem, temos sérias preocupações, de acordo com as provas de que dispomos, de que o senhor Assange pode morrer na prisão. A situação médica é portanto urgente. Não há tempo a perder”, acrescenta-se.

A avaliação de Assange é feita tendo como base “testemunhos oculares angustiantes” da sua presença em tribunal a 21 de outubro e de um relatório divulgado a 1 de novembro por parte de Nils Melzer, relator especial da ONU sobre tortura. Em tribunal, mostrou dificuldades em recordar-se da data de nascimento e, no final da audiência, disse à juíza não ter compreendido o que se tinha passado.

A principal preocupação vai para um diagnóstico de depressão, após quase sete anos – entre junho de 2012 e abril de 2019 – de asilo na embaixada do Equador em Londres; para além disso, são referidos problemas dentários e uma lesão num ombro.

Extradição para os EUA começa a ser decidida em fevereiro

Na terça-feira, o Ministério Público da Suécia anunciou que não irá prosseguir com a investigação e eventual acusação formal a Assange, por uma alegada violação ocorrida em 2010. No entanto, continuam a pender acusações sobre o australiano, nomeadamente nos Estados Unidos (EUA), que lhe podem valer penas pesadas.

O fundador da Wikileaks cumpre atualmente pena por ter violado a liberdade condicional a que estava sujeito no Reino Unido, ao refugiar-se na embaixada do Equador. Foi condenado a 1 de maio deste ano a 50 semanas de prisão.

Os EUA continuam a lutar pela extradição do ativista, sob acusações de espionagem, pelas quais pode enfrentar até 175 anos de prisão. Um tribunal britânico agendou para 25 de fevereiro de 2020 o início do julgamento do pedido norte-americano.

As autoridades dos EUA querem julgar Assange por ter publicado na Wikileaks vários documentos secretos, nomeadamente sobre a presença de forças americanas e da coligação no Iraque e no Afeganistão.