A incerteza resultante da agressão russa à Ucrânia não tem, infelizmente, tendência para abrandar. Ao sofrimento das vítimas directas da guerra junta-se o de milhões de refugiados que sem saberem o que será o seu dia de amanhã necessitam de toda a ajuda que lhes possa ser facultada.
Entretanto, à medida que os dirigentes russos enfrentam uma situação cada vez mais desfavorável quer do ponto de vista das operações militares no terreno quer do ponto de vista económico devido às sanções que têm sido impostas, mostram, aparentemente uma inclinação para tomarem opções cada vez mais erráticas.
Um caso desses é o da exigência dos países considerados hostis pelas autoridades russas pagarem em rublos o petróleo e o gás que importem da Rússia.
Sem dúvida que se essa exigência se mantiver vai prejudicar os países ocidentais importadores e provocar neles uma escassez energética que poderá ter efeitos negativos significativos sobre a respectiva situação económica. Mas os efeitos serão, a prazo, mais negativos ainda sobre a economia russa. No imediato, a realizar-se, a compra permitirá que o rublo recupere algum do seu valor, mas a prazo a Rússia ver-se-á privada de receitas em moeda forte que lhe farão muita falta no futuro para pagar importações de que necessite e para fazer face aos encargos da dívida externa.
O caminho que a economia russa está a trilhar de isolamento devido às sanções –perfeitamente justificadas face à invasão de um país soberano sem qualquer provocação – e as decisões que tentam mais prejudicar o Ocidente do que beneficiar a economia russa, fazem prever um longo período de decadência económica que, neste mundo do século XXI implicará inevitavelmente uma correspondente decadência política e militar.