Itália no retrovisor
15-03-2020 - 15:29
 • José Bastos

Ana Sofia Carvalho, Nuno Botelho e Rosário Gamboa analisam a crise provocada pela pandemia da Covid-19.

O novo epicentro da Covid-19 passou a estar localizado na Europa, deixando mais de 150.000 pessoas infetadas e 6.000 mortos. Ao contrário, a China anunciou este domingo ter levantado algumas das restrições à mobilidade na província de Hubei, a zona zero da pandemia.

Na Europa, os cidadãos preocupados e ávidos de certezas interrogam-se sobre se o tom inicial - tendencialmente otimista - do discurso público, de que a fortaleza dos sistemas europeus de saúde iria derrotar a Covid-19, estava errado. Alguns indicam ter sido um erro de cálculo que levou ao caos no norte de Itália, precisamente onde o sistema de saúde italiano é o mais eficaz.

A causa principal desse erro reside na principal diferença do novo coronavírus face a outros: a sua considerável velocidade de propagação. A letalidade clínica não é muito superior a outras gripes, mas o impacto nos grupos de alto risco multiplica-se rapidamente pela dificuldade da resposta sistémica.

Simplesmente, uma alta proporção de casos graves não recebe os cuidados intensivos necessários. Aconteceu primeiro na China e está agora a ter lugar em Itália.

Agora, a evidência de que o SNS está em enorme stress não pode dar lugar à angústia coletiva. O pânico só pode agravar as coisas. A chave é a responsabilidade individual, combinada com critério, como recurso mais eficaz para combater a crise o que obriga a certo grau de conhecimento sobre as indicações gerais.

Só a informação básica, o senso comum e a consciência cívica serão a última linha de defesa contra a Covid-19, tanto individual como coletivamente enquanto sociedade solidária.

São temas para o debate com Rosário Gamboa, professora do ensino superior, Ana Sofia Carvalho, especialista em bioética e docente da Universidade Católica e Nuno Botelho, empresário e presidente da ACPorto.