Brasil. “Seria uma tragédia” se Bolsonaro vencesse as eleições, diz Seixas da Costa
14-09-2018 - 02:00

Embaixador e comentador considera que Fernando Haddad é o que tem mais possibilidades de seguir para a segunda volta, mas qualquer candidato derrotará Bolsonaro.

Francisco Seixas da Costa, antigo embaixador no Brasil, considera que “seria uma tragédia” para o país se Jair Bolsonaro vencesse às eleições presidenciais de outubro.

Em entrevista à Renascença, Seixas da Costa não tem dúvidas: “Bolsonaro é um candidato extremamente perigoso”. Um eventual triunfo do candidato do Partido Social Liberal “aumentaria a tensão interna” e deixaria o Brasil “feridíssimo”.

Por isso, o comentador acredita que “qualquer candidato que passe à segunda volta com Bolsonaro será presidente do Brasil”.

“Não acredito que venha a haver grande espectro de apoio a Bolsonaro e não acredito que, numa segunda volta, Bolsonaro seja eleito”, disse.

O embaixador considera que Fernando Haddad, candidato do PT depois de a candidatura de Lula ter sido recusada pelos tribunais, é o nome com “grandes possibilidades” de avançar para a segunda volta contra Bolsonaro, mas não se sabe se o ex-ministro da Educação “tem a possibilidade de recuperar o estimulo de Lula”.

Outra possibilidade seria Ciro Gomes, candidato mais centrista, muito conhecido no Brasil, com “perfil de estadista mais firmado”, que até poderia ir buscar votos a Alckmin e Marina Silva, mas – acrescenta Seixas da Costa - “impulsivo e inconstante”.

“Ciro Gomes seria o candidato mais normal, moderado, de uma esquerda que não assusta mas tem pouco espaço na televisão e poucos partidos a apoiá-lo”, refere.

Quem for à segunda volta, a 28 de outubro, terá de conseguir fazer um “discurso de unidade e confiança” que marque a diferença em relação ao discurso radical de Bolsonaro, acrescenta.

No caso de se confirmar que Fernando Haddad será o próximo inquilino do palácio Planalto, Seixas da Costa acredita que “amnistiará Lula”, que depois “terá a tentação de ser ‘o condutor do banco de trás’”.

No entanto, lembra o antigo embaixador “o Brasil já não é uma ‘república de bananas’, tem um sistema institucional que mantém o Brasil com uma dignidade democrática que é incompatível com golpes à Peron”.

Jair Bolsonaro tem liderado as sondagens no Brasil para a primeira volta das eleições presidenciais que se realiza a 7 de outubro.