Uma leitura dos dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde mostra que em Santarém o tempo médio de espera para uma consulta de psicologia ultrapassa os 300 dias, em Beja fica lá muito perto, em Aveiro são 254 dias e em Chaves 240. A lista é longa, e a demora também.
E mesmo quando a situação é muito prioritária nem sempre é fácil chegar a um psicólogo no Serviço Nacional de Saúde: em Vila do Conde, Póvoa do Varzim e Braga os utentes têm pela frente dois meses e meio de espera.
É uma situação que poderia ser atenuada com a anunciada contratação de 300 especialistas, mas os concursos tardam em dar resultados e nesta altura ainda não se sabe quantos especialistas foram efetivamente colocados e qual é o saldo final, uma vez que alguns irão substituir psicólogos que se reformaram.
A vice-presidente da Ordem dos Psicólogos diz que, se os casos associados a depressão e ansiedade estão a aumentar no país, a consequência pode ser o agravamento da situação.
“Quanto mais tardiamente nós interviermos numa necessidade de consulta de psicologia, mais facilmente pode acontecer que o problema se instale e assuma, uma severidade superior”, explica Sofia Ramalho, que adianta que haverá casos em que “passamos de uma situação em que estamos a falar de dificuldades ao nível da saúde mental para casos de doença mental propriamente dita”.
Há cerca de 1.100 psicólogos a trabalhar no SNS. Sofia Ramalho diz que o número fica muito aquém das necessidades “mesmo com a entrada de 100, 200 ou 300 psicólogos, tendo em conta que somos 10 milhões de habitantes muito dificilmente vão cobrir as necessidades”.
Apesar disso, reconhece que “o aumento de profissionais será sempre positivo para reduzir os tempos de espera, não só para primeiras consultas, mas também, entre consultas”.
O Plano de Emergência para a Saúde, apresentado pelo Governo, inclui um capítulo dedicado à saúde mental, no âmbito do qual, está previsto alargar a implementação de consultas de psicologia clínica nos centros de saúde.