Dia 86. Batalhão Azov rende-se em Mariupol, Rússia corta gás à Finlândia
20-05-2022 - 20:00
 • João Malheiro

As autoridades ucranianas já registaram a ocorrência de 18.477 crimes decorrentes da invasão russa no país.

O 86.º de conflito entre Rússia e Ucrânia assinala o fim oficial do combate em Azovstal, com a rendição do Batalhão Azov, alguns dias depois de terem começado a evacuação de combatentes ucranianos, após um cessar-fogo.

Poucos dias depois de oficializar a adesão à NATO, a Finlândia anunciou que a Gazprom vai cortar o fornecimento de gás ao país, já este sábado.

E a Rússia ameaça deixar o Ocidente sem cereais.

A Renascença resume os principais acontecimentos de mais um dia de guerra.

Batalhão Azov rende-se em Mariupol

Os últimos soldados ucranianos entrincheirados na fábrica siderúrgica Azovstal, em Mariupol, sudeste da Ucrânia, receberam ordens de Kiev para "deixar de defender a cidade", anunciou esta sexta-feira um dos comandantes do regimento Azov.

"O alto comando militar deu a ordem para salvar a vida dos soldados da nossa guarnição, parando de defender a cidade", disse Denys Prokopenko, comandante do regimento Azov, uma das unidades ucranianas presentes na siderúrgica.

O complexo metalúrgico, com o seu labirinto de galerias subterrâneas escavadas nos tempos soviéticos, foi a última bolsa de resistência ucraniana nesta cidade portuária no Mar de Azov, fortemente bombardeada pelos russos.

Rússia corta gás à Finlândia

A Finlândia anunciou esta sexta-feira que a empresa russa Gazprom vai cortar o fornecimento de gás, a partir de sábado de manhã, ao país.

“Na tarde desta sexta-feira, 20 de maio, a Gazprom Export informou a Gasum [empresa estatal finlandesa de energia] que o abastecimento de gás natural à Finlândia será cortado no sábado, 21 de maio, a partir das 4h00 (GMT).”

A empresa finlandesa assegura, no entanto, que vai continuar a fornecer gás aos seus clientes a partir de outras fontes através do gasoduto Balticconnector.

O corte do gás por parte da Rússia é visto como uma retaliação pelo pedido de adesão dos finlandeses à NATO.

Dmitri Medvedev, ex-presidente russo, avançou que Moscovo vai cortar a exportação de cereais para proteção do próprio mercado afirmando que a “potencial” crise alimentar a nível global é provocada pelas “sanções ocidentais”.

“Os países importadores do nosso trigo e outros alimentos vão ficar muito mal sem os abastecimentos da Rússia. Nos campos europeus, sem os nossos fertilizantes vai crescer apenas erva daninha. Pois, temos pena. Eles é que têm a culpa”, escreveu o vice-presidente do Conselho de Segurança russo.

Ucrânia relata mais de 18.400 crimes de guerra

As autoridades ucranianas já registaram a ocorrência de 18.477 crimes decorrentes da invasão russa no país.

O número de delitos de agressão e crimes cometidos pelas tropas russas chega aos 12.595, sendo que 12.189 destes estão relacionados com a violação das leis e costumes de guerra, outros 54 com a planificação, preparação e execução da agressão e outros 15 com a propaganda bélica, segundo a informação, divulgada através de um gráfico na rede social Telegram.

As autoridades registaram ainda 5.882 crimes contra a segurança nacional, entre eles 3.890 relacionados com a integridade territorial e a inviolabilidade da Ucrânia, 921 com a traição ao Estado, 798 por atividades de colaboração, 23 por ajudar o Estado agressor e 62 por sabotagem.

Estes dados carecem confirmação de entidades independentes.

Ativos de oligarcas russos podem ajudar a reconstruir Ucrânia

A presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula Von der Leyen, disse que a União Europeia quer usar os ativos congelados a oligarcas russos no financiamento da reconstrução da Ucrânia após a guerra e já está a estudar a forma de o concretizar.

A CE propôs na quarta-feira um empréstimo de nove mil milhões de euros à Ucrânia para manter o país em a funcionar, enquanto luta para se defender da invasão russa e quer criar uma estrutura para a reconstrução para depois da guerra.

“Os nossos advogados estão a trabalhar intensamente para encontrar possíveis maneiras de usar os ativos congelados dos oligarcas para a reconstrução da Ucrânia. Acho que a Rússia também deve dar sua contribuição”, afirmou Ursula Von der Leyen em declarações à televisão alemã ZDF, citadas pela Reuters.

Também disse ser a favor de unir a reconstrução de longo prazo da Ucrânia com as reformas necessárias para a adesão à União Europeia.