A
pressão à esquerda obriga o PS a reforçar a sua estratégia programática no
plano europeu. É o recado deixado na
Renascença
por José Vera Jardim, antigo ministro da Justiça, em defesa da “tradição europeia
do PS" que, sublinha, "nunca esteve em causa".
"Apesar dos partidos à sua esquerda que assinaram os acordos com o PS não estarem de acordo com isso, a verdade é que o PS insiste, por exemplo, que a dívida não pode ser discutida da maneira e nos tempos em que esses partidos quereriam. Espero que seja possível manter essa estratégia", afirma Vera Jardim no programa "Falar Claro".
O histórico socialista lembra que "o governo é do PS" e assegura que o PS "sempre teve uma estratégia europeia", pelo que espera que seja possível manter esse rumo "com os obstáculos dos partidos que apoiam o PS e os que vêm de fora".
"É evidente que o facto dos partidos que apoiam o Governo não terem exactamente a mesma estratégia europeia – bem pelo contrário e com diferenças de um face ao outro – implica um reforço e uma afirmação dessa estratégia europeia por parte do PS em tudo o que vá fazendo. Se deve forçar essa nota? Tem que forçar", insiste Vera Jardim, após analisar o apelo contido na mensagem de Ano Novo do Presidente da República.
Na sua intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa definiu 2016 como o ano da "gestão do imediato, da estabilização política e da preocupação com o rigor financeiro" e exige que 2017 seja o ano da "gestão a prazo e da definição e execução de uma estratégia de crescimento económico sustentado".
Os comentadores do "Falar Claro" elogiaram o "bom senso" da mensagem presidencial.
Um dilema para Costa
Para Nuno Morais Sarmento, as opções a tomar pelo PS vai ter sempre um custo a contabilizar. O social-democrata considera que a estratégia preconizada por Vera Jardim implica instabilidade na coligação de esquerda. Em alternativa, sem "consequências das diferenças" entre os partidos, não haverá dificuldade acrescida na plataforma que apoia o Governo, com o custo de não se avançar em nenhuma "direcção estratégica fundamental"
"Até agora não tivemos nada de estratégico, [o Governo esteve] apenas a responder impulsos e a fechar pontos de um acordo. Agora, chega a altura de dizer ao que vêm. Ou o PS diz ao que vem, e vamos ter problemas na coligação, ou não temos problemas na coligação, porque o PS não diz ao que vem e então é o país que se ‘lixa’”, conclui o antigo ministro do PSD.