Paulo Rangel e a liderança do PSD: “Não digo desta água não beberei”
04-09-2021 - 16:34
 • Eunice Lourenço , José Pedro Frazão

Eurodeputado deu entrevista a programa de entretenimento onde revelou a sua orientação sexual e diz que tem sido vitima da “campanhas negras”.

Paulo Rangel não põe de parte a possibilidade voltar a concorrer á liderança do PSD. O eurodeputado admite essa possibilidade numa entrevista à SIC, no programa de entretenimento Alta Definição, onde separou os seus planos dos seus sonhos.

“Sou uma pessoa que tem muitos sonhos, mas faço muito poucos planos e até agora dei-me muito bem com isso. Não tenho planos, sonhos sempre tive e não digo desta água não beberei”, afirma Rangel, que, pelo meio ainda recorda uma frase que era muitas vezes usada por António Vitorino, quando falavam de uma eventual candidatura à liderança do PS.

“Não há festa nem festança que não venha D. Constança. Estamos em plenas autárquicas, o que é preciso é que o PSD se concentre nesse esforço”, disse Paulo Rangel, que se tem envolvido na campanha autárquica, participando em várias apresentações de candidatos pelo país.

Rangel já foi candidato à liderança do PSD em 2010, nas eleições diretas vencidas por Pedro Passos Coelho e em que também foi candidato José Pedro Aguiar Branco

Questionado sobre se os seus sonhos passam por ser primeiro-ministro, Paulo Rangel responde: “Não passam, embora também não enjeite.”

Numa entrevista de cariz pessoal, Rangel falou pela primeira vez sobre a sua orientação homossexual, sublinhando que nunca a escondeu e ao mesmo desvalorizando a importância desse fator na forma como os eleitores olham para os políticos em Portugal. “Não é nenhum problema. Foi uma coisa que nunca escondi, não é nenhum segredo”, disse Rangel, assumindo “não teria tido esta conversa” publicamente se a mãe ainda fosse viva.

“Fui muitas vezes discreto para proteger o meu núcleo familiar mais intimo”, justificou o eurodeputado, que defende que as famílias devem ser preservadas do escrutínio público a que muitos políticos estão sujeitos.

Na entrevista, Rangel fala de “campanhas negras” a que tem sido sujeito e nas quais insere a divulgação de um vídeo antigo que o mostrava embriagado nas ruas de Bruxelas. Disse “não ter dúvidas” de que a publicação do vídeo nas redes sociais foi “intencional” e terá tido como objetivo enfraquecê-lo politicamente.

O envolvimento do eurodeputado na campanha autárquica e esta entrevista são vistos no PSD como uma preparação para uma eventual candidatura à sucessão de Rui Rio depois das eleições autárquicas de 26 de setembro.

Outro social-democrata que também vai dando sinais de maior envolvimento na política nacional é Jorge Moreira Silva que, na quinta-feira, estava à conversa com Paulo Rangel na homenagem a Francisco Pinto Balsemão, um dos fundadores do PSD, promovida pelo primeiro-ministro.

Moreira da Silva apresenta, na segunda-feira, o seu livro “Direito ao Futuro - por um mundo mais justo, mais verde e mais seguro”, com uma sessão na Gulbenkian que deverá juntar várias personalidades sociais-democratas. O livro vai ser apresentado por Paulo Portas.