Orçamento "socialista, bloquista, comunista e verde é provisório”, diz Passos
23-02-2016 - 19:04

Embora o CDS tenha anunciado que irá fazer propostas de melhoria do Orçamento, Pedro Passos Coelho diz que o PSD não o fará, uma vez que se trata de um documento sem “arranjo possível”.

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O presidente do PSD classifica a proposta de Orçamento do Estado para 2016 (OE2016) como um documento provisório e da única responsabilidade da “maioria socialista, bloquista, comunista e verde”, no encerramento do debate parlamentar na generalidade.

“A proposta orçamental passou então de expansionista a restritiva, nova palavra socialista para designar austeridade. Mas uma austeridade melhor, dizem, já que tem a marca socialista, bloquista, comunista e verde. E, como sabemos, para a nova maioria, verde, comunista, bloquista e socialista, o seu orçamento só pode ser ideologicamente melhor e mais puro do que qualquer outra coisa que já tenha existido", afirmou Passos Coelho.

Para o ex-primeiro-ministro, o documento, a ser viabilizado por PS, BE, PCP e PEV, com a abstenção do PAN e os votos contra de PSD e CDS-PP, "está ainda longe de conhecer a sua última versão, mas é apresentado como sendo o princípio do tempo novo que se quer viver no país".

"Este orçamento é mau e um presente envenenado para o país", disse Passos Coelho, justificando assim o voto contra do partido que lidera.

A discussão do OE2016 começou segunda-feira e será votado ainda esta terça-feira. O documento será depois analisado e discutido pelos deputados na especialidade, com debates marcados para 10, 14 e 15 de Março e a sua votação final global em 16 de Março.

Embora o CDS tenha anunciado que irá fazer propostas de melhoria do Orçamento, Pedro Passos Coelho diz que o PSD não o fará, uma vez que se trata de um documento sem “arranjo possível”.

O unificador irónico

Passos Coelho acusou ainda o seu sucessor na chefia do Governo de fazer ataques pessoais e utilizá-lo como “elemento de agregação e união” e “factor de estabilidade” da nova maioria de esquerda.

Passo lamentou, que “estas obsessões” impeçam António Costa de fazer o seu caminho com a “elevação e a dignidade" esperada.

"Julga que acusando, insinuando, denegrindo o seu antecessor, resolve o seu problema de poder ser visto como quem usurpa o que não conseguiu conquistar por direito próprio e de poder, afinal, ter ficado apenas com uma réplica da verdadeira fonte de autoridade que precisa de destruir e aniquilar para que a falsificação não seja notada", afirmou o presidente do PSD.

Passos Coelho referia-se a declarações anteriores de Costa no sentido de elementos do PSD terem, alegadamente, movido "influências poderosíssimas, pelo menos em Bruxelas, para deixar ficar mal o Governo português e Portugal", segundo descreveu o próprio líder social-democrata, bem como das acusações de o anterior Executivo ter levado a cabo um "suposto embuste", junto das instituições europeias, "no âmbito da classificação de medidas de natureza temporária como tendo efeito estrutural".

"Fica-me, com alguma ironia, permita-me, a satisfação de verificar que parece que, juntamente com o ‘passismo’ – que não sabia existir e o senhor pretendeu ontem criar –, sou involuntariamente um factor relevante de estabilidade para o Governo de Portugal", continuou Passos Coelho.

Segundo o anterior líder da coligação PSD/CDS-PP, "apesar de estar na oposição, a cada debate que passa, percebe-se que uma ambição que não tinha se vem reflectindo na situação política do país".

"Estou, desproporcionada, imerecida e ironicamente, a transformar-me no principal elemento de agregação e união da curiosa diversidade partidária da maioria que o sustenta", afirmou.