Ao entrar para o Conselho Europeu extraordinário, no princípio da tarde de segunda-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou ter poucas esperanças de se conseguir, nesta reunião, um acordo sobre um embargo às importações de petróleo russo. Baixou, assim, as expectativas.
Também antes de se iniciar o Conselho, António Costa, falando em português, mostrou-se compreensivo para com as reservas de alguns países muito dependentes do petróleo russo à declaração de um embargo. Viktor Orban, primeiro-ministro da Hungria era o grande obstáculo a um acordo, que também não interessava à República Checa e à Eslováquia.
Estes países estão muito dependentes do petróleo russo, e precisam de tempo para encontrarem outros abastecedores.
Mas perto da meia-noite de segunda-feira, Viktor Orbán finalmente cedeu. Os 27 aprovaram embargar as importações de petróleo russo por via marítima até ao fim do corrente ano.
Ou seja, 90% daquelas importações são cortadas, contando com que a Alemanha e a Polónia já anunciaram que não vão importar mais petróleo russo. A Hungria, a República Checa e a Eslováquia poderão ainda durante algum tempo receber petróleo russo por “pipeline”. Este acordo significa canalizar menos dinheiro europeu para a Rússia financiar a sua máquina de guerra.
O Presidente da Ucrânia, Zelenskiy, numa mensagem dirigida ao Conselho Europeu tinha apelado à unidade dos 27. Contra muitas expectativas, foi possível alcançar essa unidade no primeiro dia do Conselho Europeu. Agora espera-se uma redução gradual na importação de gás russo, com apoios financeiros da Comissão Europeia.
Importante para o nosso país foi terem, pela primeira vez, as conclusões deste Conselho Europeu referido expressamente a contribuição de Portugal e Espanha para a transição energética na UE.
Ou seja, a França não poderá continuar a impedir a entrada da eletricidade espanhola e portuguesa, bem como de outras formas de energia, no seu território (exemplo: gás natural a partir do porto de Sines).
O mais significativo exemplo de unidade dos 27 foi dado nas negociações da UE com o Reino Unido sobre o Brexit.
Quem pôs e ainda põe em causa o resultado dessas negociações é Boris Johnson, que pretende rasgar acordos que ele próprio subscreveu.
Importa, porém, não ter a ilusão de que os 27 irão sempre pôr-se de acordo.