Patriarca diz aos políticos: admiram o Papa? Façam o que ele diz
29-10-2015 - 14:56
 • Redacção com Agência Ecclesia

D. Manuel Clemente não se mostrou preocupado com a perspectiva de um governo de esquerda e acredita que Cavaco tomou decisão em consciência.

O cardeal patriarca de Lisboa apela aos políticos que se dizem admiradores do Papa Francisco para agirem de acordo com os seus princípios.

D. Manuel Clemente falou aos jornalistas numa conferência de imprensa para assinalar o fim do sínodo dos bispos sobre a família, onde também fez uma leitura ao actual momento da política portuguesa, após a indigitação de Pedro Passos Coelho para primeiro-ministro.

“[Cavaco Silva] Tomou a decisão que devia tomar, ele é um protagonista muito importante da vida política. Há outros protagonistas - a Assembleia da República, os tribunais, as instituições em geral: tomem também as suas decisões em consciência e sempre tendo em vista o bem comum”, disse.

D. Manuel Clemente sustentou que aqueles que se dizem católicos, “em todas as forças políticas”, e os que confessam a sua admiração pelo Papa Francisco devem apresentar propostas inspiradas nestes valores. “Levem isso à consequência, na perspectiva partidária de cada um, que é legítima”, sublinhou.

O cardeal patriarca realçou que em todos os quadrantes tem havido pessoas que “valorizam muito o que o Papa Francisco tem dito, tem feito. Tomem mesmo em conta, em devida conta e aplicação concreta o que o Papa Francisco tem dito”, pediu o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).

Nesse sentido, recordou os “grandes princípios” da Doutrina Social da Igreja - dignidade da pessoa humana, bem comum, solidariedade e subsidiariedade - e da “ecologia integral” apresentada pelo Papa na sua encíclica ‘Laudato si’.

O presidente da CEP não se mostrou preocupado com a perspectiva de um governo com o apoio dos partidos mais à esquerda, observando que “a vida política portuguesa nos últimos 40 anos tem tido vários protagonistas de direita, de centro e de esquerda, faz parte da sociedade democrática”.

A Igreja Católica, prosseguiu, defende princípios de que não abdica, como a “dignidade de toda a pessoa humana, uma dignidade activa, a dignificação em condições de vida, a começar pela própria vida garantida em todas as suas fases”.

D. Manuel Clemente desejou que seja conseguido o “desenvolvimento integral” de todas as pessoas.