Arranca esta quarta-feira, em Angola, o congresso do MPLA, que vai reeleger José Eduardo dos Santos para mais um mandato à frente do partido no poder.
A lista para o comité central é única. Eduardo dos Santos não tem opositores e também não se espera que fale em sucessores.
“Este congresso vai ser para fazer o menos ondas possíveis. Antes de 2018 não deverá haver referências claras sobre substituições do Presidente Eduardo dos Santos”, afirma à Renascença o especialista em assuntos africanos António Pacheco.
“O comité central do MPLA tem 320 elementos e, se de facto fosse tempo de grandes mudanças, seria reestruturado, mas vai ser é aumentado. Quem está mantém-se e o número de elementos passa para 360”, adianta.
Os novos membros são jovens, mulheres – “dar uma de politicamente correcto” – e dois filhos do Presidente: José Filomeno dos Santos (conhecido como “Zenú”) e Welwistchea dos Santos (conhecida como “Tchizé”).
Num altura em que “existe em Angola uma onda de contestação muito grande em vários campos”, religioso e financeiro (“com o FMI à perna”), não será tempo para apresentar substitutos ou “referências que possam ensombrar o peso e o prestígio que José Eduardo dos Santos ainda vai tendo”.
“O Presidente é homem de não fazer muitas ondas e, perante a contestação que existe, vêm aí tempos muito difíceis para o regime. Por isso, este congresso vai tentar ser o congresso da normalidade”, conclui António Pacheco.
O congresso do MPLA vai contar com representantes de partidos portugueses, entre os quais Paulo Portas, pelo CDS-PP. De fora fica o Bloco de Esquerda, que não se faz representar por uma questão de coerência.
Para assinalar a abertura do congresso, os activistas angolanos que estiveram presos por alegadamente conspirarem contra o Governo vão dar uma conferência de imprensa sobre o respeito pelos direitos humanos.