Dia 69. Explosões atingem Lviv, 127 civis resgatados de Mariupol
03-05-2022 - 22:35
 • João Malheiro

Eslováquia e Hungria não apoiarão sanções energéticas a Moscovo e Putin pediu ao Ocidente para deixar de dar armas à Ucrânia.

O 69.º dia de guerra termina com relatos de pelo menos quatro explosões a fazerem-se ouvir, em Lviv, na Ucrânia.

A ONU confirmou a chegada de 127 civis de Mariupol a Zaporíjia, mas um autarca ucraniano acusa a Rússia de impedir que mais dois mil refugiados pudessem chegar ao mesmo destino.

Eslováquia e Hungria não apoiarão sanções energéticas a Moscovo e Putin pediu ao Ocidente para deixar de dar armas à Ucrânia.

A Renascença resume os principais acontecimentos de mais um dia de conflito.

Pelo menos quatro explosões em Lviv

Pelo menos quatro explosões diferentes foram ouvidas no centro da cidade, próxima da fronteira com a Polónia.

Não ficou claro qual era o alvo das forças russas, segundo a Associated Press.

O presidente da Câmara Municipal de Lviv, Andriy Sadovyi, escreveu num serviço de mensagens que os habitantes deveriam abrigar-se e que os comboios não estão a circular.

ONU confirma chegada de 127 civis de Mariupol a Zaporíjia

Depois de dois meses encurralados por forças russas na cidade portuária de Mariupol, mais de uma centena de civis ucranianos pisou a território controlado por Kiev. A ONU anunciou durante a tarde a retirada "bem-sucedida" de 101 civis do destruído complexo metalúrgico de Azovstal, entre as quais estavam 17 crianças.

Destas, apenas 69 chegaram a Zaporíjia esta terça-feira, enquanto outras 32 pessoas decidiram ficar em Mariupol. Mas a estas juntaram-se outros 58 refugiados da cidade de Manhush, que entraram em autocarros dos corredores humanitários das Nações Unidas e do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

O predidente da autarquia ucraniana de Mariupol, Vadym Boichenko, acusou as tropas russas de impedirem a retirada de cerca de dois mil civis da cidade.

Até agora, apenas três dos 14 autocarros planeados para a operação das Nações Unidas e Cruz Vermelha conseguiram chegar a território sob o controlo da Ucrânia.

Entre os retidos está o primeiro grupo a ter saído do complexo metalúrgico de Azovstal, que se encontra atualmente na cidade costeira de Berdiansk, já a cerca de 85 quilómetros de Mariupol, mas ainda a mais de 200 quilómetros do destino final: Zaporíjia.

O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, manifestou "satisfação" pela retirada "de mais de 100 civis" do complexo industrial siderúrgico Azovstal, na cidade ucraniana de Mariupol, pedindo "mais pausas humanitárias".

O secretário-geral disse esperar que a coordenação contínua da ONU com Kiev e Moscovo "leve a mais pausas humanitárias", que "permitirão aos civis uma passagem segura para longe dos combates e que a ajuda chegue às pessoas onde as necessidades são maiores".

Deputados portugueses convidados a visitarem Ucrânia

Deputados ucranianos fizeram esta terça-feira múltiplos convites aos homólogos portugueses para visitarem a Ucrânia e verem presencialmente a destruição e crimes cometidos pelas forças russas, e reforçaram os pedidos de sanções, apoio militar e no processo de adesão à UE.

Os convites repetiram-se nas intervenções, por videoconferência, na primeira reunião conjunta das comissões de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas e dos Assuntos Europeus com a Comissão de Integração da Ucrânia na União Europeia (UE), do Parlamento ucraniano.

Numa sessão de quase uma hora e meia, os deputados portugueses condenaram, de novo, a agressão russa à Ucrânia e concordaram que o pedido de adesão à UE deve ser visto tendo em conta "o momento e as circunstâncias excecionais", para que não demore anos.

Eslováquia e Hungria não apoiarão sanções energéticas a Moscovo

A Eslováquia e a Hungria disseram esta terça-feira que não apoiarão sanções contra a energia russa que a União Europeia (UE) está a preparar, alegando que estão demasiado dependentes dela e que não têm alternativas.

A Comissão Europeia elaborou novas propostas de sanções contra Moscovo, por causa da invasão da Ucrânia, que podem incluir um embargo gradual ao petróleo russo, que os 27 países membros começarão a discutir na quarta-feira.

O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, escreveu na rede social Twitter que a Comissão Europeia quer atingir mais bancos, atacar os responsáveis de espalhar desinformação sobre a guerra na Ucrânia e "atacar as importações de petróleo".

Em resposta, o ministro da Economia da Eslováquia, Richard Sulik, explicou que a única refinaria do país, a Slovnaft, não pode mudar imediatamente do petróleo russo para outro tipo de petróleo.

A Hungria também é altamente dependente da energia russa, e o ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Peter Szijjarto, já disse que o seu país não aprovará qualquer sanção "que torne impossível o transporte de gás natural ou petróleo da Rússia para a Hungria".

Putin pede ao Ocidente para deixar de dar armas a Kiev

O presidente russo, Vladimir Putin, avisou o homólogo francês, Emmanuel Macron, de que o Ocidente tem de deixar de dar armas à Ucrânia, numa conversa telefónica em que terá dito que Moscovo continua disponível para dialogar com Kiev.

"O Ocidente poderia ajudar a pôr fim a estas atrocidades exercendo uma influência adequada sobre as autoridades de Kiev, bem como pondo termo ao fornecimento de armas à Ucrânia", disse Putin a Macron, segundo o Kremlin, referindo que os países ocidentais podem ajudar a pôr fim ao conflito, ao acabar com o fornecimento de armas à Ucrânia. Sublinhou, ainda, que o lado russo está pronto para o diálogo.

Na conversa telefónica, Putin informou Macron sobre o curso da "operação militar especial da Rússia" para "proteger as repúblicas do Donbass", no leste da Ucrânia.

Boris Johnson falou ao parlamento ucraniano

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, tornou-se esta terça-feira o primeiro líder do Ocidente a dirigir-se ao parlamento ucraniano desde o início do conflito no país, a 24 de fevereiro. Em discurso por videoconferência, repetiu palavras de Winston Churchill e garantiu que a Ucrânia “irá vencer” a Rússia e “ficará livre”.

“Quando o meu país enfrentou a ameaça de invasão durante a Segunda Guerra Mundial, o nosso parlamento, tal como o vosso, continuou a encontrar-se durante o conflito e o povo britânico mostrou uma tal unidade e determinação que lembramos os nossos momentos de maior perigo como os nossos melhores momentos. Esta é a hora da Ucrânia, que será lembrada e contada às próximas gerações”, disse Boris à Verkhovna Rada.