Quinta-feira, 23 de setembro de 2021



Enchem-se os dias de inquietação e medo

Medo em qualquer esquina, em qualquer rua agora feita beco.
Medo de qualquer gesto, que não mais é gesto ternura e carrega uma ameaça pesada de violência.
E os desastres naturais que tudo e todos reduzem a um nada.
E os pobres sempre mais pobres
Como lembrar que somos uma família de irmãos?
Mas de súbito lembro e vejo imagens e gestos deste dia.
Como gestos luminosos e primeiros
São as mochilas novas, os ténis direitinhos, os cadernos em branco. Esse desassossego de procurar e encontrar o material escolar.
Voltar à sala de aula. Aos companheiros
Mas gestos que já não vemos.
Mas são eles a esta hora a minha remissão.
Dizem a esperança
E afirmam a vida.
Tal como a noite que sempre gera o dia
São o recomeço.
E um estado de graça.
Que mesmo a custo e por dom havemos de encontrar.