35 graus negativos na Rússia. 12 negativos na Polónia. Menos 10 na França. Neve como há muito não se via no Reino Unido.
E neve no Marão, na Serra da Estrela e em tantas outras terras altas do país.
Andamos nós aqui a tremer de frio, a queixar-nos da chuva, da neve e do gelo, das estradas encerradas, das escolas que não abrem por causa do mau tempo.
Mas desde quando é que a neve, a chuva e o frio no inverno são mau tempo?
Afinal, dizem os especialistas, seria necessário chover assim pelo menos mais um ou dois meses para deixarmos de falar de seca.
O tempo, normal para a época, obriga-nos a tirar mais casacos do armário, obriga-nos a andar de gorro, de cachecol e de guarda-chuva atrelado.
Admita. É uma chatice. Mas é normal.
E não sabemos muito bem por quanto mais tempo poderemos gozar desta normalidade climática.
A onda de calor que atinge o Pólo Norte trouxe os termómetros até aos zeros graus estimados, por causa do aquecimento no circulo polar ártico. São mais 20 a 30 graus acima do normal.
Há cerca de uma semana, o Instituto Meteorológico Dinamarquês registou uma temperatura de seis graus no extremo norte da Gronelândia. E é a partir desse valor que os modelos matemáticos chegam aos tais 0.0 graus no Pólo Norte.
Um quadro alarmante, dizem os cientistas. Sobretudo atendendo à habitual ausência de luz solar no inverno ártico. Não há, por agora, indícios suficientes para afirmar que isto é fruto das alterações climáticas.
Mas se pensarmos que nos últimos cinco invernos, quatro tiveram temperaturas positivas - e que apenas por quatro vezes se tinham registado temperaturas acima do zero entre 1980 e 2010 - aí é outra história.
Este é o sinal de alerta para futuro: se a Europa congelada não é uma boa notícia, o degelo no Ártico muito menos.
E os especialistas em clima acreditam mesmo que o Oceano Ártico poderá deixar de ter gelo. Lá para meados do século.
E essa é a pior das previsões e terá de implicar uma profunda remodelação dos espaços urbanos, sobretudo junto às praias e às zonas ribeirinhas.
Se não for a bem, vai ser a mal. Mais cedo ou mais tarde, a Natureza impõe-se.
E é muito difícil contrariá-la.