Bombeiros contrariam o Governo e insistem em dificuldades financeiras
30-06-2020 - 16:34

Secretária de Estado da Administração Interna rejeitou existirem corporações em “situação de rutura” financeira. Liga dos Bombeiros Portugueses diz que pelo menos 54 associações pediram ajuda ao Governo, mas ainda não foi canalizado qualquer apoio.

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A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) desmentiu esta terça-feira a secretária de Estado da Administração Interna, que no parlamento rejeitou existirem corporações em “situação de rutura” financeira, insistindo que a realidade “é precisamente ao contrário”.

“A Liga dos Bombeiros Portugueses lamenta que a secretária de Estado da Administração Interna, Patrícia Gaspar, tenha rejeitado na Assembleia da República haver associações humanitárias de bombeiros verdadeiramente em situação de rutura, quando a realidade é precisamente ao contrário”, refere a LBP, em comunicado.

Na sexta-feira, durante as apreciações parlamentares de PCP e BE do decreto-lei do Governo que estabelece um regime temporário e excecional de apoio às associações humanitárias de bombeiros no âmbito da pandemia covid-19, Patrícia Gaspar rejeitou haver associações humanitárias de bombeiros “verdadeiramente em situação de rutura”.

A LBP avança que pelo menos 54 associações pediram ajuda ao Governo, mas ainda não foi canalizado qualquer apoio.

A LBP considera que “fica mal” à secretária de Estado “não aceitar nem testemunhar a evidência das dificuldades sentidas pelas associações nos últimos três meses”, tendo em conta o conhecimento direto que tem da realidade dos bombeiros.

A Liga sublinha que estas dificuldades estão relacionadas com a “quebra abrupta e imediata de receitas e o aumento exponencial e acelerado de despesas de funcionamento operacional”.

“A LBP deseja saber em que dados se baseia a secretária de Estado para declarar não haver associações em situação de rutura”, questiona.

A LBP recorda que, nos últimos anos, tem sistematicamente chamado a atenção do Governo para as dificuldades das associações de bombeiros, uma vez que os apoios do Estado ficam “aquém dos custos reais” e são “insuficientes” os valores pagos pelos Ministério da Saúde relativamente ao transporte de doentes não urgentes e ao socorro pré-hospitalar via Instituto Nacional de Emergência Médica.

A LBP dá conta que as dívidas do Ministério da Saúde às associações humanitárias “é bastante elevada”, rondando atualmente os 30 milhões de euros.

“Com o surgimento da pandemia [de covid-19] e as circunstâncias que são conhecidas as dificuldades sentidas pelos bombeiros só poderiam mesmo agravar-se, ao contrário do que afirma a secretária de Estado Patrícia Gaspar”, refere ainda a LBP.