Centenas de informáticos rejeitam colaborar com Trump em registo de muçulmanos
14-12-2016 - 16:16
 • Filipe d'Avillez

Invocando situações como o Holocausto, o genocídio dos arménios ou o internamento de japoneses nos EUA durante a Segunda Guerra Mundial, os informáticos dizem “nunca mais”.

Perto de 600 informáticos americanos já assinaram uma carta aberta em que recusam determinantemente colaborar com a administração de Donald Trump no caso de esta avançar com um registo de muçulmanos, como foi prometido durante a campanha eleitoral.

Os informáticos rejeitam ainda a ideia de colaborar com qualquer forma de deportação em massa de pessoas “indesejáveis”, uma referência à expulsão de imigrantes ilegais, que Trump também prometeu levar a cabo se fosse eleito.

Os signatários da carta invocam grandes tragédias do século XX para justificar a sua posição, incluindo o Holocausto, o genocídio de arménios e do Ruanda.

“Educámo-nos sobre a história deste tipo de ameaças, e do papel desempenhado na sua execução pela tecnologia e seus profissionais. Vimos como a IBM colaborou para digitalizar e agilizar o Holocausto, contribuindo para a morte de seis milhões de judeus e milhões de outros. Recordamos o internamento de japoneses americanos durante a Segunda Guerra Mundial. Reconhecemos que a deportação em massa precipitou o evento que levou à invenção da palavra genocídio: o assassinato de 1,5 milhões de arménios na Turquia. Reconhecemos que os genocídios não são apenas uma relíquia do passado distante – entre outros os cidadãos do Ruanda e os muçulmanos na Bósnia foram vítimas nos nossos tempos.”

Estes profissionais, que ou trabalham nos Estados Unidos ou são funcionários de empresas sediadas na América, unem-se para dizer “não à nossa conta, nunca mais” e enumeram uma listagem de coisas que recusarão fazer, nomeadamente “participar na criação de bases de dados que identifiquem informações para que o Governo americano possa perseguir indivíduos com base na sua raça, religião ou naturalidade”.

Os nomes dos signatários estão todos visíveis ao público e por volta das 16h15, hora de Lisboa, numeravam 585. A carta aberta foi publicada na terça-feira, inicialmente com apenas 60 assinaturas.