​Turquia, um parceiro incómodo
18-01-2023 - 06:00

A Turquia mantem a recusa de ratificar a adesão da Suécia e da Finlândia à NATO, pois exige desses países mais medidas. As forças armadas da Turquia são as mais poderosas da NATO, a seguir às dos EUA. Dificilmente poderia a NATO dispensar agora essas forças. Há que ter paciência com este parceiro incómodo.

Uma das consequências da invasão russa da Ucrânia foi ter acabado com a neutralidade de países como a Suécia e a Finlândia. No caso da Suécia o estatuto de neutralidade vigorava há mais de dois séculos. A agressividade expansionista da Rússia mudou a opinião pública dos dois países nórdicos – hoje a adesão à NATO goza de um amplo consenso na Suécia e na Finlândia.

A Turquia mantem a recusa de ratificar a adesão da Suécia e da Finlândia à NATO, pois exige desses países, em particular da Suécia, mais medidas. Por exemplo extradição de curdos, que Ancara acusa de ligações ao PKK, um partido curdo que é considerado terrorista por Erdogan. O primeiro-ministro da Suécia já declarou que não está disponível para aceder a estas últimas condições colocadas pela Turquia.

Como na NATO a adesão de novos países depende de um voto unânime dos atuais 30 Estados membros, a entrada da Suécia e da Finlândia será forçosamente adiada pelo menos por alguns meses. Não é um drama, até porque aqueles dois países estão a negociar com os Estados Unidos acordos de defesa.

A Turquia não é uma democracia. Também Portugal não era, quando em 1949 figurou entre os países fundadores da NATO. A Grécia e a Turquia são membros da NATO, mas as suas relações revelam-se complicadas, vivendo em permanência num clima de acusações mútuas. Por outro lado, a Turquia de Erdogan segue uma política hostil aos curdos, muitos dos quais vivem no país. O governo turco considera-os terroristas, pelo menos em potência.

As forças armadas da Turquia são as mais poderosas da NATO, a seguir às dos EUA. Dificilmente poderia a NATO dispensar agora essas forças. Assim, resta aos países membros e aos candidatos à adesão terem paciência com as posições deste parceiro incómodo.