O socialista Fernando Medina encara a eleição de Rui Rio como presidente do PSD como “a primeira grande renovação da direita portuguesa”.
A declaração de Medina surgiu na estreia do novo programa de debate da Renascença, Casa Comum, no qual, às quartas-feiras, ao meio-dia, participa juntamente com o eurodeputado do PSD Paulo Rangel.
Para Medina, “esta eleição do PSD foi muito importante, porque é a primeira grande renovação da direita português depois das eleições”.
Numa primeira apreciação sobre Rui Rio, Rangel critica o novo líder pelo facto de, na campanha interna, ter admitido a possibilidade de viabilizar um governo minoritário do PS.
“Eu nunca colocaria as questões dessa maneira. Aquilo que ele tem na sua moção de estratégia é a vitória do PSD e seria isso no que eu me concentraria. Não significa que, depois de analisadas as circunstâncias, não haja respostas possíveis”, diz Rangel.
O eurodeputado do PSD considera, no entanto, que há espaço para entendimentos pontuais, por exemplo, reformas estruturais: “Julgo que pode haver matérias, por exemplo a descentralização que tem aí um pacote controverso que pode ser discutido e limado.”
Estreia de Mário Centeno com elogios rasgados
Foi com sentimento optimista que Mário Centeno se estreou à frente do Eurogrupo. Na opinião de Fernando Medina, há uma perspectiva mais vasta: a eleição de Mário Centeno significa que a Europa está a mudar de um ponto de vista positivo para Portugal e para a própria UE. O socialista acha que se mostra agora uma vontade clara da Alemanha e de França para "compor" a Europa, a começar pelo acordo de Governo em Berlim, que parece juntar em definitivo a CDU e o SPD. Há uma inversão do discurso do norte sobre os gastos dos países do sul da Europa em "mulheres e vinho". Parece haver uma vontade de mudança para melhor, afirma Medina.
Já Paulo Rangel não concorda com uma visão totalmente optimista. O social-democrata acha que se está num momento mais positivo do que se vivia antes, mas não deixou de haver riscos. Antes pelo contrário. E teme mesmo pelas altas expectativas que se possam alimentar em torno de Centeno. Para Rangel, "só chegmos onde chegámos hoje, porque se criou confiança" e essa confiança foi conseguida sob circunstâncias difíceis. "Houve um caminho de pedras por parte de vários países e que nos permitiu chegar aqui". O eurodeputado conhece bem Martin Schulz (actual líder do SPD alemão) do Parlamento Europeu e lembra que Merkel se rodeou de pessoas muito pró-europeístas para negociar a parte ligada aos assuntos comunitários. Rangel acha, no entanto, que "apesar de estarmos noutra fase, há ainda países como a Holanda ou a Finlândia, que não estão muito entusiamados com este motor franco-alemão, isto se Martin Schulz conseguir o que quer".
O Casa Comum, com Fernando Medina e Paulo Rangel, sob a moderação do jornalista Sérgio Costa, para ouvir todas as quartas-feiras, às 12h00.
Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus –
Rede Europeia de Rádios.
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