Nos 25 anos do referendo para a autodeterminação de Timor-Leste, o secretário-geral das Nações Unidas (ONU) tem dúvidas de que o processo que levou à formação do país pudesse ser replicado na atualidade. Um das ideias centrais da homenagem a António Guterres, esta manhã, em Díli.
Em 1999, o então primeiro-ministro acreditou que era possível convencer os Estados Unidos da América a aprovar uma força multinacional para Timor-Leste, com autorização da Indonésia.
A Renascença perguntou a Guterres se, quando pensa na Ucrânia e no Médio Oriente, lembra-se de Timor-Leste. O secretário-geral da ONU "duvida sinceramente que uma situação similar hoje tivesse o mesmo resultado".
"Com as divisões geopolíticas que existem, duvido que o Conselho de Segurança votasse unanimamente e que se criassem as condições de aceitação", aponta.
O responsável lamenta, igualmente, a "impunidade quase total" que existe no mundo, em que as potências se neutralizam umas às outras, impedindo que a comunidade internacional consiga resolver as várias guerras.
"Ninguém hoje tem respeito por ninguém e por nada, não há respeito pela carta das Nações Unidas, não há respeito pela lei internacional e também não há respeito pelas potências", acrescentou.
António Guterres participa nas comemorações do 25.º aniversário do referendo para a autodeterminação de Timor-Leste.
O Presidente da República timorense, José Ramos Horta, condecora António Guterres com o Grande Colar da Ordem de Timor-Leste.
[Atualizado às 12h20]