Covid-19 terá chegado a Portugal a 20 de fevereiro, com origem em Itália
28-09-2020 - 14:08
 • Ricardo Vieira , Cristina Nascimento

Estudo do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge é retrospetivo e pretende ser "uma lição que nos prepara para o futuro próximo ou longínquo".

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O vírus da Covid-19 terá entrado em Portugal a 20 de fevereiro, com origem na Lombardia, em Itália, avança o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA).

“Foi interessante verificar que pudemos constatar que o arranque da pandemia começou com a introdução de uma variante genética, vinda da região da Lombardia, em Itália, e que terá entrado em Portugal por volta do dia 20 de fevereiro, na região Norte/Centro, na zona industrial”, revelou esta segunda-feira João Paulo Gomes, coordenador da investigação.

O vírus disseminou-se sem ser detetado pelas autoridades de saúde “durante vários dias, provavelmente dez dias. Os primeiros casos notificados foram reportados a 2 de março”, adianta o especialista, em conferência de imprensa conjunta com o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, e a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.

A situação terá provocado “umas quantas cadeias de transmissão, que depois foram crescendo. Pelas nossas estimativas, até meio de abril terão originado cerca de 3.800 casos de Covid-19.”

"Um em cada quatro casos de Covid-19 em Portugal, por volta do dia 9 ou 10 de abril, terão sido causados por esta variante genética muito específica", diz João Paulo Gomes, do INSA.

O estudo indica ainda que esta variante "foi responsável pelo grande surto em Ovar, tendo levado à cerca sanitária entre 17 de março e 17 de abril".

Medidas "estrangularam disseminação massiva" do vírus

“É muito interessante referir que, apesar de ter tido um espalhamento massivo na região Norte e Centro, foram muito raros os casos em que essa variante foi encontrada em Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve", sublinha João Paulo Gomes.

O especialista do INSA não tem dúvidas de que a propagação ao resto do país "deveu-se à tomada de medidas atempadas de saúde pública". "Estamos a falar da segunda quinzena de março. Lembram-se do encerramento de escolas, restaurantes, fronteiras, e isso estrangulou a disseminação massiva desta variante genética para o resto do país”, declarou.

O especialista explicou que este é "um estudo retrospetivo" e que pode ser "uma lição que nos prepara para o futuro próximo ou longínquo" e que permite aferir se as medidas tomadas foram eficazes.

"Trata-se de um estudo que está em fase de conclusão. Este é o primeiro resultado. Os resultados finais serão apresentados dentro de duas a três semanas", sublinha.

O responsável do INSA diz ainda que, segundo o estudo, em toda a região de fronteira terrestre, tanto no norte, como a leste, "é interessante verificar que os coronavírus que circulam nessa região têm muito a ver com as linhagens dos coronavírus que circulam no nosso país vizinho".

O estudo, financiado no âmbito da primeira edição do programa de apoio Research4Covid, conta com a participação de mais de 60 hospitais/laboratórios de todo o país.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de um milhão de mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 1.957 em Portugal.

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