Estudantes do Porto e Minho desenvolvem projeto para combater a fome
18-11-2020 - 12:23
 • Olímpia Mairos

Projeto de data science criado por seis estudantes da Universidade do Porto e da Universidade do Minho vai permitir angariar mais doadores para o Banco Alimentar. O projeto foi o vencedor da segunda edição da Eurekathon.

Uma equipa composta por seis alunos de engenharia da Universidade do Porto e da Universidade do Minho – a “Hunger Byte”, criou um modelo que permite aumentar o número de doadores ao Banco Alimentar.

O projeto foi o vencedor da segunda edição da Eurekathon, a competição de data science promovida pela Porto Business School, LTPlabs e NOS, que, este ano, contou com a parceria do Banco Alimentar Contra a Fome, para serem encontradas soluções que potenciem e otimizem o trabalho da instituição por todo o país.

Os seis amigos que formaram a “Hunger Byte” recorreram à base de dados do Banco Alimentar e da NOS, cruzaram a informação com métricas sociais e demográficas e conseguiram identificar o perfil do “potencial doador” e as freguesias do país onde há maior discrepância entre esses e o número de doações feitas ao Banco Alimentar.

A partir dessa análise, “em menos de três dias de competição, os jovens estudantes desenvolveram um modelo prescritivo inovador, capaz de chegar às freguesias onde há margem para aumentar os doadores e a quantidade de alimentos doada por cada doador, mas também o contrário, ou seja, aquelas em que não valerá a pena investir”, lê-se na nota enviada à Renascença.

Os seis alunos das universidades do Porto e do Minho descobriram também que, “se o Banco Alimentar direcionar as suas campanhas de marketing, recorrendo ao envio de SMS e e-mail, de notas nas faturas da NOS ou de campanhas exclusivas para determinadas freguesias, conseguirá aumentar em oito vezes a capacidade de chegar a potenciais doadores, em vez de o fazer aleatoriamente”.

Acelerar soluções em benefício do Banco Alimentar

De acordo com Rui Coutinho, diretor executivo de Inovação e Crescimento da Porto Business School e um dos membros do júri da Eurekathon, “este é um programa de e sobre pessoas, de capacitação e talento exclusivo, que usa e trabalha os dados com foco na criação de um mundo melhor”.

“A Eurekathon tira partido da capacidade e criatividade de mais de 200 pessoas, que se dedicam voluntariamente a ajudar o Banco Alimentar, para solucionar um problema com grande impacto social”, assinala.

Rui Coutinho refere ainda que “para a Porto Business School é um orgulho muito grande vivenciar este processo” e avança que, “enquanto Escola de Negócios, o objetivo é que estas ideias vencedoras tenham continuidade”.

“Vamos, por isso, desafiar os alunos da nossa Pós-graduação em Business Inteligence e Analytics a pensar como podem acelerar as soluções aqui propostas, em benefício do Banco Alimentar, fazendo, assim, a diferença no terreno”, adianta o diretor executivo de Inovação e Crescimento da Porto Business School.

Já Isabel Jonet, presidente da Federação dos Bancos Alimentares Contra a Fome, citada no comunicado, observa que “muitas vezes, achamos que as instituições de solidariedade social se limitam a exercer caridade, levando apenas afetos e produtos, nunca nos lembrando que, se trabalharmos dados, podemos estar a contribuir para a resolução de um problema”.

“Os bancos alimentares contribuem, hoje, para a alimentação de mais de 4% da população portuguesa, número que cresceu muito devido à pandemia. Se pudermos ajudar estas pessoas de uma maneira mais efetiva, com os dados que dispomos, todos ganham”, defende Isabel Jonet.

Com o projeto, que juntou diferentes ‘backgrounds’ das mais variadas áreas de engenharia, os seis vencedores da “Hunger Byte” conquistaram um prémio de dois mil euros, sendo que 400 euros serão doados a uma ONG.

O grupo concorreu com mais de 200 participantes de diferentes nacionalidades, distribuídos por 28 equipas, que foram acompanhados por diferentes mentores de empresas como a Bosch, Farfetch, Sport Lisboa e Benfica, Talkdesk, entre outras.

A segunda edição da maratona de geração de ideias teve como objetivo mitigar o problema da fome no país.