​Tempos de protecionismo
10-04-2019 - 06:33

A Europa comunitária defronta-se simultaneamente com o protecionismo de Trump e com o protecionismo da China.

Na altura em que dirigentes europeus (Tusk e Juncker) se preparavam para um encontro, ontem, com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, para reclamar maior reciprocidade nas trocas comerciais e no investimento, Trump ameaçou impor elevados direitos alfandegários a importações vindas da UE.

A ameaça americana tem a ver com subsídios públicos que a Airbus recebe, prejudicando a Boeing (que atravessa tempos difíceis, por causa dos problemas com o seu avião 737 MAX 8). A Organização Mundial do Comércio considerou ilegais aqueles subsídios à Airbus, mas o litígio arrasta-se há 14 anos.

Entretanto, estão praticamente estagnadas as negociações comerciais entre os EUA e a UE, anunciadas em julho passado por Juncker, quando visitou a Casa Branca. Parecia, então, afastado o espectro de protecionismo nas relações comerciais transatlânticas. Mas não está.

Tem havido sinais de otimismo na chamada “guerra comercial” entre os EUA e a China. Segundo alguns comentadores, Washington ameaça subir direitos aduaneiros sobre produtos chineses como arma para obter concessões da China em matéria de concorrência no mercado chinês, de apropriação indevida de tecnologia americana por empresas chinesas e da utilização, por Pequim, de exportações e investimentos externos para fins políticos e de espionagem.

É este último ponto que leva os EUA a reclamar um boicote à empresa Huawei – chinesa e maior empresa mundial de telemóveis e outros equipamentos para telecomunicações. A justiça americana acusa a Huawei de 23 crimes, que a empresa nega.

Os primeiros “smartphones” da quinta geração (5G) fabricados pela Huawei já estão à venda em Portugal. E quando, em dezembro último, o presidente da China, Xi Jinping, visitou Lisboa, foi assinado um acordo entre a Altice e a Hauwei para desenvolver em Portugal a próxima geração de rede móvel (5G).

A UE recusa boicotar os artigos da Huawei, tomando antes uma atitude de vigilância apertada. Merkel pediu garantias de que a Huawei não faz espionagem para o governo chinês. Atitude de vigilância que, aliás, a UE também assumiu quanto a investimentos chineses na Europa comunitária.

Não é de excluir uma violenta reação de Trump à posição europeia quanto à Huawei. Tempos de protecionismo…

Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus