UE quer usar ativos congelados de oligarcas russos para reconstruir Ucrânia
20-05-2022 - 07:42
 • Olímpia Mairos com Reuters

Unir a reconstrução de longo prazo da Ucrânia com as reformas necessárias para a adesão à União Europeia, é objetivo de Von der Leyen.

A presidente da Comissão Europeia (CE) disse que a União Europeia quer usar os ativos congelados a oligarcas russos no financiamento da reconstrução da Ucrânia após a guerra e já está a estudar a forma de o concretizar.

A CE propôs na quarta-feira um empréstimo de nove mil milhões de euros à Ucrânia para manter o país em a funcionar, enquanto luta para se defender da invasão russa e quer criar uma estrutura para a reconstrução para depois da guerra.

“Os nossos advogados estão a trabalhar intensamente para encontrar possíveis maneiras de usar os ativos congelados dos oligarcas para a reconstrução da Ucrânia. Acho que a Rússia também deve dar sua contribuição”, afirmou Ursula Von der Leyen em declarações à televisão alemã ZDF, citadas pela Reuters.

Também disse ser a favor de unir a reconstrução de longo prazo da Ucrânia com as reformas necessárias para a adesão à União Europeia.

A responsável lembra que embora os ucranianos vejam o seu futuro dentro da UE, há requisitos importantes que têm que ser cumpridos para a adesão, em áreas como o Estado de Direito e nas esferas económica e política.

“O processo de adesão depende muito de como o candidato se comporta e do que faz. A Ucrânia quer juntar-se à UE a qualquer preço, o que significa que a motivação é grande para realizar as reformas necessárias.”

Neste contexto, Von der Leyen entende que ao “cofinanciar a reconstrução da Ucrânia... faz sentido abordar as reformas ao mesmo tempo, por exemplo, contra a corrupção ou a construção do Estado de Direito”.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A guerra na Ucrânia, que entrou no 86.º dia, causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas das suas casas – cerca de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,3 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Também as Nações Unidas disseram que cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.