Quem são as “mulas de dinheiro”? São jovens, sem emprego e às vezes apaixonam-se pelos recrutadores
04-12-2019 - 21:44
 • José Carlos Silva , João Pedro Barros

Perfil é feito pela Polícia Judiciária, que colaborou numa megaoperação da Europol sobre lavagem de dinheiro. Em Portugal, em 2019, foram detidas “35 a 40 pessoas”.

São jovens - estão geralmente “abaixo dos 35 anos” -, podem ter chegado ao país “recentemente” e estão “desempregadas” ou pelo menos apresentam “algumas dificuldades económicas”.

Este é o perfil das chamadas “mulas de dinheiro” portuguesas, feito esta quarta-feira pelo inspetor da Polícia Judiciária Carlos Cabreiro, na sequência de uma megaoperação da Europol, que deteve 228 pessoas por lavagem de dinheiro nos últimos três meses. Há portugueses neste grupo, num número não especificado.

A quinta ação europeia de mulas de dinheiro (EMMA 5) envolveu 31 países, incluindo Portugal, onde “35 a 40 pessoas” foram detidas ao longo do ano de 2019. Na globalidade dos países aderentes, foram identificadas mais de quatro mil pessoas no EMMA 5.

O perfil do recrutamento foi detalhado: são angariadas “pessoas que chegam ao país recentemente e veem a oportunidade de ganhar algum dinheiro” e que por isso procuram um “modo de vida”.

Para além disso, Carlos Cabreiro, que é diretor da unidade nacional de combate ao cibercrime e criminalidade tecnológica, referiu que algumas das vítimas se apaixonam pelos angariadores e, só numa “segunda fase” percebem que estão a fazer parte de um esquema criminoso.

As verbas apreendidas nesta “rede bem montada” em 2019 ascendem a oito milhões de euros, em bens ou em contas que entretanto foram suspensas, e ainda 330 mil euros em dinheiro vivo.

“Não considero que Portugal seja um oásis para este tipo de atividade. Falamos de um vasto conjunto de ferramentas disponíveis a todo o mundo. É uma criminalidade que assola todos os países e todos tendem a cooperar neste tipo de ações”, sublinhou Carlos Cabreiro.