Não sei quem foi o principal culpado: se a ambição do Bloco, se a falha de cálculo político do PCP, se a arrogância governamental. Costa sofreu o efeito do sapo que inchou, inchou, inchou e, quando já parecia indestrutível, rebentou.
A dívida agiganta-se, mas é até um pedacinho menor que a deste ano e “as pessoas lá em casa não ligam nenhuma à dívida”. O crescimento devia ser muito maior, mas todos já nos habituamos à ausência de estratégia e ambição.
Os números não falam por si. As percentagens mentem. Retenham nas vossas cabeças que um crescimento de 100% de zero continua a ser zero. Agora já poderão ler o Orçamento e perceber como, sem mentir, Costa e Catarina terão, no mesmo debate, e no mesmo namoro, ambos razão.
Um dos raros senhores da História capazes de, sem desistir das suas convicções e de lutar por elas, não ter abdicado de ouvir, até ao fim, os argumentos dos adversários. Dos raros a não se limitar a defender os direitos humanos, com ideias vagas, mas preocupado em “lutar” por eles.
Ficámos a saber do estado em que eles estão: o Governo esgotado, mas a nadar em notas de Bruxelas, a esquerda "amarrada", mas cansada de tanto esperar pelas promessas acordadas, e a direita à beira de um ataque de nervos, a precisar de nervos de aço e de um pouco mais de ideias e proatividade, se não quiser ficar à espera do terceiro Governo de Costa.
Brandão Rodrigues, entre aumentar o nível de desempenho escolar e a redução do seu abandono, parece ter como grande ambição criar uma Escola Pública doutrinada e doutrinal verdadeiramente “costista” (não imposta por Costa mas à semelhança do velho Afonso). Motor da mudança das mentalidades e educadora do povo.
A absoluta fidelidade de Eduardo Cabrita ao chefe do Governo pode ajudar a explicar o porquê da sua manifesta incompetência em dossiers tão graves. Neste último caso, o que mais espanta é a “lata” que tem demonstrado, não dando a mais leve explicação, ser muito superior ao seu azar.
Sempre que há um erro “político crasso”, um nepotismo evidente, enfim, um daqueles episódios que faria corar qualquer executivo decente, não fora a irritante estratégia da desresponsabilização, a conclusão é a mesma, ninguém assume o que quer que seja.
Não compro a narrativa de que a coisa nasceu em Bruxelas e nós mais não fizemos do que adequar à ordem jurídica nacional uma carta de direitos protetora de todos os europeus consumidores de redes sociais e conexas e que em caso algum pode assemelhar-se à velha Censura. Pode, pode.