12 dez, 2024 - 15:48 • Maria João Costa
Há uma fotografia de uma família “encontrada na internet” que inspirou o humorista Salvador Martinha para a personagem do inspetor Francisco desempenhada na série Rabo de Peixe.
Esta é uma das revelações contidas no livro “Rabo de Peixe” (ed.Contraponto) agora lançado e da autoria de Helena Ales Pereira e escrito em conjunto com o Augusto Fraga, o criador da série de origem portuguesa mais vista na Netflix.
Numa altura em que estão concluídas as gravações de duas novas temporadas de Rabo de Peixe surge este livro com fotografias de Inês Subtil e que mostra como foram os bastidores da rodagem da primeira temporada.
Em entrevista ao Ensaio Geral, da Renascença, a autora, Helena Ales Pereira explica que começou o trabalho “com uma entrevista ao Augusto [Fraga]” e que depois falou “com toda a equipa técnica, desde maquilhadores, à direção de Arte, passando pela direção de fotografia, atores, edição/montagem”.
A ideia foi perceber “como é que estas pessoas chegaram ao projeto, e como é que criaram Rabo de Peixe”. O livro nasceu durante a rodagem da primeira temporada, sem se saber ainda o sucesso que iria ser alcançado.
“Nós não tínhamos, de todo, a noção do que é que esta série viria a ser. Acho que o facto de ser uma série muito jovem, que fala desta perspetiva jovem dos sonhos de querer uma vida melhor, acho que alguma camada mais jovem foi se identificando muito”, refere Helena Ales Pereira.
A autora, aponta também o “ritmo” da série como algo que terá contribuído para o sucesso. “A série, e os miúdos têm uma vibração muito interessante entre eles, e isso transmitiu-se cá para fora. Acho que muita gente se identificou com aquele grupo de jovens sempre a querer sair daquele lugar”.
Rodada nos Açores e em Mafra, com base numa história real de um carregamento de droga que deu à costa na sequencia de um naufrágio de um veleiro, a série conta com os atores José Condessa, Helena Caldeira, Kelly Bailey, André Leitão e Rodrigo Tomás nos principais papéis.
Helena Ales Pereira lembra que as cores levadas para o ecrã “são mesmo reais”. “Elas fazem mesmo parte do contexto social e cultural de Rabo de Peixe. É uma realidade que tem alguma alegria, apesar de também ser uma realidade dura”
Enquanto se aguarda a estreia de novos episódios, há outros segredos revelados no livro. “O Hugo Gonçalves e o João Tordo, que foram os guionistas da primeira temporada, contam como é que eles construíram a história, como é que iam dialogando entre eles”, aponta Helena Ales Pereira que fala nos “simbolismos” que existem na narrativa.
“Eles tinham muito material, porque não podemos esquecer que é uma série baseada em factos reais e, portanto, havia muito material real, tanto judicial como de investigação da Polícia Judiciária. Todo esse material foi usado para escrever esta história”, indica a autora do livro.
Mas há outros pormenores que o livro revela. Um deles, explica Helena Ales Pereira, é a história da casa do Eduardo, a personagem desempenhada pelo ator José Condessa. “É uma casa que existe, onde vivia mesmo uma família e essa família teve que se adaptar aos horários da produção da série e a produção também tinha que se adaptar aos horários desta família”.
São os detalhes dos bastidores de uma série que na opinião de Helena Ales Pereira “tinha características um pouco diferentes daquilo que já tinha sido feito em Portugal” antes. Recorde-se que Rabo de Peixe é a segunda série portuguesa na Netflix, a seguir a Glória de Tiago Guedes.