30 nov, 2024 - 01:15 • Marisa Gonçalves , Ângela Roque
O Convento de Jesus, em Setúbal, é um monumento cheio de história e um dos marcos do estilo manuelino nas grandes obras nacionais. Começou a ser construído em 1490 por iniciativa de Justa Rodrigues Pereira, ama de D. Manuel, com o principal objetivo de acolher religiosas da Ordem de Santa Clara, o ramo feminino da Ordem de São Francisco de Assis.
O imóvel acaba de ser alvo de uma intervenção profunda de reabilitação, tendo a autarquia começado o projeto há praticamente uma década. Depois de um investimento que ronda os nove milhões de euros, com financiamento comunitário, pode agora ser conhecido o resultado final.
"É um projeto do arquiteto Carrilho da Graça que, de facto, apresenta de uma forma única uma recuperação que nós consideramos exemplar. E exemplar porque ele faz um diagnóstico da precária condição e da situação em que se encontrava o convento de Jesus, com perigo inclusivé de derrocada, e também resultantes de coleções artísticas e históricas que neles estavam albergadas e que foram também determinantes para que se pudesse repensar todo este processo", explica à Renascença o vereador Pedro Pina, responsável pelo Departamento de Cultura da autarquia de Setúbal.
O Convento de Jesus, que passou vários anos à margem do olhar dos setubalenses e visitantes da cidade do Sado, vê agora a luz do dia e de cara renovada.
"Para quem chegava muitas vezes a Setúbal, e sobretudo num tempo mais recente, quase que por vezes não dava pela existência do Convento de Jesus, pela condição de enterramento do conjunto monumental, pela cidade e toda a sua zona circundante. Portanto, poder reerguer o Convento é, de facto, excecional. É uma primeira nota que eu acho que é importante destacar", aponta.
No exterior, o Largo de Jesus foi completamente remodelado com a criação de amplas zonas verdes. O equipamento reabre com uma área de exposições alargada, dado que inclui o Museu de Setúbal. No total são mais de 500 obras de arte para conhecer, entre as quais o retábulo da Capela Mor da Igreja do Convento de Jesus, obra-prima da pintura do Renascimento e que esteve nos últimos anos na Galeria Municipal do Banco de Portugal.
O vereador Pedro Pina lembra que são muitos séculos de arte para apreciar. "Eu diria que o Convento vai devolver e oferecer, para além daquilo que é a sua monumentalidade em si mesmo, e de todos os pormenores de cada uma das salas, a visitação permite também fazer uma viagem acompanhada de todo o seu conteúdo museológico, onde à cabeça, nós vamos poder, de facto, ver da forma quase original aquilo que é o retábulo. Uma obra-prima imperdível e acompanhada também de toda uma informação porque o Convento está também apetrechado no seu todo, em muitas das suas salas, com informação virtual que está disponível ao público", adianta.
A um espólio tão secular juntam-se os adventos da modernidade, e é possível o recurso à informação multimédia como mais uma forma de este novo projeto museográfico valorizar as várias coleções que passam a estar disponíveis ao público.
A reabertura agendada para este sábado, 30 de novembro, contempla um conjunto de atividades de entrada livre, a começar com visitas-guiadas ao equipamento cultural, a partir das 18h30. Está ainda previsto, para as 21h00, o concerto “Cânticos do Retábulo-Mor”, pela Companhia de Ópera de Setúbal, nos Claustros do Convento de Jesus.
Domingo, 1 de dezembro, as visitas-guiadas são retomadas às 10h00. Às 11h30 decorrerá um concerto pelo Coral Luísa Todi, na Igreja de Jesus.