27 nov, 2024 - 18:19 • Maria João Costa
Mário Teixeira da Silva foi um colecionador, mas também um galerista. Os seus dois “perfis interligavam-se muito bem”, diz à Renascença, Marta Moreira de Almeida, a curadora da exposição “Canção Contemporânea” que abre ao publico, quinta-feira, no Museu de Serralves, no Porto.
Ao todo, são mostradas 210 peças, algumas das quais de artistas de renome com quem Mário Teixeira da Silva trabalhou. “Se nos anos 1970 a Helena Almeida, o Julião Sarmento e o Alberto Carneiro foram pessoas que estiveram na programação da galeria Módulo”, houve depois outros nomes como Paula Rego que integram também a exposição.
Na nova Ala Siza Vieira, estão trabalhos de 116 artistas portugueses e estrangeiros desta Coleção de Mário Teixeira Silva. A última vez que este espólio foi mostrado foi em 2022, no Museu do Chiado em Lisboa, mas Marta Moreira de Almeida explica que esta exposição de Serralves é diferente, mais que não seja, porque foi organizada já sem a colaboração do colecionador.
Mário Teixeira da Silva era um promotor de várias exposições no espaço do Porto, da Módulo - Centro Difusor de Arte que inaugurou em 1975, e onde muitas vezes acabava por adquirir obras dos artistas que expunha.
Em Serralves, Marta Moreira de Almeida escolheu para abrir a exposição uma pintura de Paula Rego, com cerca de três metros de altura, da série "As Viviane Girls no fim do mundo" (1984), e a escultura "Chantier II" (“Estaleiro II”, 1992) , do artista belga Wim Delvoye.
Além destes nomes, a exposição, que vai buscar o título à obra “Contemporany Song" ("Canção Contemporânea", 1984), do artista alemão Franz Erhard Walther, apresenta ao público muitos trabalhos de fotografia.
Entre os artistas que trabalham a fotografia estão na exposição Jorge Molder, Paulo Nozolino, Nan Goldin, Larry Clark, Francesca Woodman, Wolgang Tilmans ou Brígida Mendes, entre outros.
Mário Teixeira da Silva, que construiu a sua coleção até aos finais da sua vida, foi também um nome ligado aos primórdios do Museu de Serralves, explica à Renascença, a curadora que recorda os momentos embrionários no Museu Nacional Soares dos Reis.
Daí talvez também o seu gosto pela arte oitocentista, já que entre os nomes colecionadores tinha por exemplo a artista portuense Aurélia de Souza, que agora é também mostrada na exposição de Serralves.