28 nov, 2024 - 16:31 • Maria João Costa
A coleção de arte que o empresário português Armando Martins constituiu ao longo de mais de 50 anos inclui mais de 600 obras que vão desde o final do século XIX até aos dias de hoje. O MACAM, o novo museu de arte contemporânea que abre em Lisboa, a 22 de março do próximo ano, vai mostrá-la.
Em comunicado, o MACAM explica que o museu “nasce da vontade do fundador” e reforça “a missão de Armando Martins de tornar as coleções pessoais visíveis ao público”
Instalado no edifício histórico do Palácio Condes da Ribeira Grande, na Rua da Junqueira, no eixo que liga Alcântara a Belém, o museu conta com cerca de 2 mil metros quadrados de espaço expositivo.
Mas o MACAM tem uma área total de 13 mil metros quadrados. Além do museu, irá albergar, no mesmo palácio, um hotel de cinco estrelas.
“Este projeto de grande escala foi liderado pelo estúdio de arquitetura português MetroUrbe que trabalhou em estreita colaboração com o MACAM, por forma a reabilitar o palácio para as suas novas funções, procurando preservar e restaurar várias áreas e materiais deste edifício que remonta ao início do século XVIII”, explica o comunicado.
O MACAM terá também um espaço para exposições temporárias numa ala nova. “A fachada desta nova ala - entretanto premiada na edição deste ano dos Surface Design Awards, em Londres - é revestida por uma série de azulejos tridimensionais da autoria da artista e ceramista portuguesa Maria Ana Vasco Costa, inspirada na tradição portuguesa de fabrico de azulejos”, indica o MACAM.
A ideia é que este museu seja também um espaço que convide “também outros colecionadores privados a mostrar as suas coleções”
“Espero que este projeto possa ser útil e dar um contributo à cidade de Lisboa, à sua cultura e a quem nos visita”, afirma Armando Martins cuja data de aniversário coincidirá com o dia da inauguração do MACAM e com o dia da aquisição da primeira obra da sua coleção em 1974.
Entre os nomes que integram a coleção de arte que passará a ser aberta ao público estão artistas portugueses como “Amadeo de Sousa Cardozo, Paula Rego, Júlio Pomar, Pedro Cabrita Reis, Maria Helena Vieira da Silva, Helena Almeida, Julião Sarmento, Ernesto Neto, Marina Abramović, Olafur Eliasson, Elmgreen & Dragset, Isa Genzken, Liam Gillick, Dan Graham, Thomas Struth, entre muitos outros”.
Adelaide Ginga será a diretora do MACAM, enquanto Vera Cordeiro será a diretora do hotel que “dispõe de 64 quartos”, onde haverá “uma seleção de obras da Coleção MACAM”, também espalhada pelos corredores e terraços do edifício.
Já a capela, dessacralizada desde o século XVIII, vai ser um espaço de “eventos culturais, espetáculos de música ao vivo, leituras de poesia e sessões de literatura”.
Há também obras que foram criadas para o MACAM. “Foram convidados três artistas a desenvolver obras site-specific”
“Na antiga capela, o artista espanhol Carlos Aires desenvolveu uma instalação que revela inspiração no ancestral diálogo ambíguo entre a espiritualidade e a brutalidade da guerra. O artista português José Pedro Croft criou uma intervenção escultórica de grande dimensão composta por três elementos ovais em aço e vidro colorido, localizada no terraço nascente da fachada do palácio. No outro terraço da fachada, a poente, a artista canadiana Angela Bulloch concebeu uma composição vertical e colorida de cinco poliedros irregulares de aço inoxidável pintado, que funcionam como uma ilusão de ótica num jogo lúdico, bi ou tridimensional, dependendo da posição do observador”, lê-se no comunicado.
A abertura, a 22 de março do próximo ano, prevê três dias de eventos e atividades com entrada gratuita.