Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Serralves mostra lado oculto de Jean-Luc Godard em exposição inédita

12 nov, 2024 - 17:50 • Ana Fernandes Silva com Lusa

Centenas de desenhos, pinturas, fotografias, cadernos e imagens digitais do realizador vão ser reveladas na Fundação de Serralves, no Porto.

A+ / A-

Uma exposição inédita mostra o outro lado da obra do cineasta francês Jean-Luc Godard, na Casa do Cinema Manoel de Oliveira, em Serralves, no Porto, a partir de quarta-feira.

O título da exposição - "Tendo em Linha de Conto os Tempos Atuais" - provém de um plano de "Trailer do filme que nunca existirá 'Guerras de Mentira'".

A mostra apresenta, em estreia absoluta, pinturas, desenhos, cadernos, imagens digitais e fotografias que integram a obra plástica de Godard (1930-2022), desde a sua adolescência até 2022, explica o diretor da Casa do Cinema Manoel de Oliveira, António Preto.

"Noventa por cento das obras que são apresentadas nesta exposição são inéditas em absoluto. É a primeiríssima vez que estas obras vão ser apresentadas. É o caso, por exemplo, do último caderno que o Godard produziu e que se chama 'Test amen ts', que é apresentado pela primeira vez e que é, no fundo, a súmula, um testamento estético e afetivo daquilo que foi o percurso de Jean-Luc Godard", declarou António Preto.

Para o diretor da Casa do Cinema Manoel de Oliveira e para Serralves "é um grande privilégio" receber a exposição "Jean-Luc Godard: Tendo em Linha de Conto os Tempos Atuais", que é organizada por um "coletivo de quatro pessoas que contam entre os mais próximos colaboradores de Godard ao longo da última década e meia" e que assinam esta exposição com a designação Coletivo Ô Contrarie!, composto por Fabrice Aragno, Jean-Paul Battaggia, Nicole Brenez e Paul Grivas (sobrinho do realizador Godard).

A exposição abre com fotografias do realizador expostas nas paredes do corredor da Casa Manoel de Oliveira e com um texto explicativo onde se pode ler que pela primeira vez se vai apresentar o percurso de Jean-Luc Godard "enquanto criador de imagens fixas, desde a sua infância até 2022".

Foto: RR
Foto: RR

"Grande parte das obras visuais de Godard (pinturas, desenhos, cadernos, imagens digitais), bem como fotografias de família tiradas por sua mãe Odile Monod, nunca foram mostradas antes", acrescenta o texto introdutório.

Durante a visita para os jornalistas, Paul Grivas destacou as imagens do tio captadas pelo telemóvel, mas também pôs em evidência os primeiros desenhos e pinturas que Godard fez, bem como um caderno feito em novembro de 1947 onde está desenhada a família burguesa a "agredir" o realizador.

Numa segunda sala da exposição, pode apreciar-se algum do trabalho realizado dos anos 1960 até ao ano da morte de Jean-Luc Godard.

Estão expostos cadernos sobre os filmes de Godard, bem como canetas, tesouras, réguas, charutos, isqueiros, telemóvel e até um caderno amoroso que Jean-Luc fez para oferecer à sua amada Ana quando tinha 37 anos.

A exposição, que vai estar patente até 13 de maio de 2025 na Casa do Cinema Manoel Oliveira, vai ter, paralelamente, um ciclo de cinema, conferências e conversas.

Para quarta-feira está marcada com a exibição da curta-metragem "Scénarios" (2024), a última obra do realizador.

Parte fundamental da 'Nouvelle Vague' francesa, movimento que revolucionou o cinema a partir dos anos 1950, Godard teve uma longa carreira premiada, que vai desde o galardão de melhor realizador, em Berlim, logo por "O Acossado" (1960), até um Óscar honorário, entregue em 2010 numa cerimónia à qual não compareceu.

Autor de obras influentes para várias gerações de realizadores, como "O Desprezo" (1963), com Brigitte Bardot, "Bando à Parte" (1964), "Pedro, o Louco" (1965) ou os mais recentes "Filme Socialismo" (2010) e "Adeus à Linguagem" (2014), Jean-Luc Godard ficou conhecido "pelo seu estilo de filmar iconoclasta, aparentemente improvisado, bem como pelo seu inflexível radicalismo", como recordou o jornal The Guardian no obituário do cineasta.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+