06 nov, 2024 - 12:19 • Maria João Costa
“Pés de Barro” de Nuno Miguel Silva Duarte é o livro vencedor do Prémio Leya 2024. De acordo com o júri presidido pelo poeta Manuel Alegre, este é um livro que tem “como pano de fundo a construção da primeira ponte sobre o Rio Tejo”.
Este autor, publicitário de profissão e escritor nas horas vagas, sucede assim ao brasileiro Victor Vidal, vencedor no ano passado com o romance “Não há Pássaros Aqui”. Segundo o júri, o livro de Nuno Miguel Silva Duarte “atualiza a tradição do romance político-social” e “polariza o seu realismo histórico no quotidiano de um pátio em Alcântara “
Criado em 2008, o prémio no valor de 50 mil euros distingue assim “Pés de Barro”, um livro que foi escolhido entre oito finalistas e que nas palavras de Alegre, na cerimónia na sede da Leya, em Alfragide, é um livro que dá “um retrato do Portugal dos anos sessenta”.
“Pés de Barro” encaminha-se para o anúncio metafórico do 25 de Abril”, sublinhou Alegre que referiu ainda que este romance fala das “primeiras partidas do exército para a guerra-colonial”.
Pedro Sobral, administrador do Grupo Leya explicou que já contataram o galardoado que se mostrou “em choque” com a notícia e que pediu “alguns minutos para se recompor”.
Segundo Sobral, o Prémio Leya “tem aberto as portas do mundo literário a autores emergentes”. Este responsável da Leya que é também presidente da APEL aproveitou o momento para uma homenagem ao poeta Nuno Júdice que morreu este ano e que chegou a integrar o júri do prémio.
A edição deste ano foi a mais concorrida desde que foi instituído o Prémio Leya. De acordo com o grupo editorial, foram recebidos 1123 originais, provenientes de 15 países. O Brasil é o país que apresentou mais concorrentes, com 708 candidaturas, seguido de Portugal com 350.
No segundo ano em que a submissão ao prémio foi feita exclusivamente de forma digital surgiram também candidatos de países como Alemanha, Angola, Austrália, Bélgica, Cabo Verde, Espanha, Estados Unidos da América, França, Guiné-Bissau, Itália, Moçambique, Reino Unido e Suíça.
O júri da edição deste ano foi constituído por Manuel Alegre (Presidente), José Carlos Seabra Pereira, Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (Portugal), Isabel Lucas, jornalista e crítica literária (Portugal) Lourenço do Rosário, antigo Reitor da Universidade Politécnica de Maputo (Moçambique), Ana Paula Tavares, poeta e historiadora (Angola) e Josélia Aguiar, jornalista e historiadora (Brasil).
Este júri avalia os originais que são enviados sobre anonimato. O nome do autor do romance vencedor é apenas conhecido depois de tomada a decisão do júri.
Desde 2008, este prémio já deu a conhecer 12 romances inéditos e revelou alguns nomes que passaram a figurar no meio literário. O grupo Leya já publicou também outros 39 inéditos que não chegaram a vencer o prémio, mas que estiveram entre os finalistas.
Veja aqui a lista de premiados:
O Rastro do Jaguar, Murilo Carvalho– 2008
O Olho de Hertzog, João Paulo Borges Coelho – 2009
O Teu Rosto Será o Último, João Ricardo Pedro – 2011
Debaixo de Algum Céu, Nuno Camarneiro – 2012
Uma Outra Voz, Gabriela Ruivo Trindade – 2013
O Meu Irmão, Afonso Reis Cabral– 2014
O Coro dos Defuntos, António Tavares– 2015
Os Loucos da Rua Mazur, João Pinto Coelho – 2017
Torto Arado, Itamar Vieira Junior– 2018
As Pessoas Invisíveis, José Carlos Barros – 2021
A Arte de Driblar Destinos, Celso Costa – 2022
Não há Pássaros Aqui, Vitor Vidal – 2023
Nos anos de 2010, 2016 e 2019 o Prémio Leya não foi entregue por decisão do júri e em 2020 o concurso foi suspenso devido à epidemia da COVID-19.