30 set, 2024 - 19:46 • Miguel Marques Ribeiro
A montanha mais alta do mundo, o Monte Evereste, continua a crescer, e uma parte desse aumento explica-se pela junção de dois rios ocorrida há quase 90 mil anos.
Até agora, o fenómeno era explicado pelo movimento de colisão das placas tectónicas indiana e indo-asiática, a mesma ocorrência geológica que esteve na origem da cadeia montanhosa dos Himalaias (de que o Monte Evereste faz parte) há mais de 40 milhões de anos.
Um estudo recente do University College, de Londres, veio acrescentar outro motivo para o avultar do gigante montanhoso situado na fronteira da China com o Nepal.
O transporte de massa através do rio Arun, que atravessa o Tibete para o Nepal, até uma bacia hidrográfica situada a 75 quilómetros de distância, alivia o peso da crosta terrestre, fazendo com que esta suba ligeiramente. Um fenómeno designado de 'ricochete isostático'.
“É como atirar uma carga de um navio”, disse o coautor do estudo, Adam Smith, à BBC. “O navio fica mais leve e flutua um pouco mais alto. Da mesma forma, quando a crosta fica mais leve… Pode flutuar um pouco mais alto.”
O estudo adianta ainda que o rio terá ganho a capacidade de extrair e transportar uma grande quantidade de rochas depois de capturar outro curso aquático no Tibete, há cerca de 89 mil anos.
Este efeito de erosão conjugado com a contínua pressão das placas tectónicas, dão ao Monte Evereste o impulso necessário para, ano após ano, aumentar de tamanho.
Se não fosse a ocorrência do 'ricochete isostático', o Evereste teria menos entre 15-50m. Uma ínfima parcela dos 8.848 m que lhe dão corpo, é certo, correspondendo a uma fatia de 2mm anuais.
Mas os cientistas estão convencidos que “a mudança de altura do Monte Evereste, lança luz sobre a natureza dinâmica da superfície da Terra.”
Uma tese que está a ser bem recebida na comunidade científica e que deverá ser confirmada por investigações posteriores.