24 set, 2024 - 16:18 • Maria João Costa
Como é que podemos comunicar melhor? É com esta interrogação e premissa que decorre de 25 a 29 de setembro, na Fundação de Serralves, no Porto o Boil – Climate Festival. O evento em torno da urgência climática pretende encontrar novos interlocutores para que a preocupação dos cientistas ganhe mais adeptos e seja mais escutada.
O festival “associa a ciência climática” com o humor e a arte. Assente nesta trilogia, o evento quer olhar para o “que está a acontecer no planeta”, questionar “o que significa o aquecimento global e de que maneira o aquecimento global tem impactos na nossa vida”.
Quem o explica em entrevista à Renascença é Graça Fonseca. A ex-ministra da Cultura e responsável pela produção do Boil indica que neste festival querem encontrar uma “linguagem diferente” para comunicar as questões climáticas, já que mensagem não tem tido efeitos.
“Procuramos fazê-lo através de uma linguagem diferente que arte e humor nos trazem. Comunicando com cientistas fazem com que as pessoas compreendam melhor, gerem uma relação diferente, até mesmo afetiva, com o que está a acontecer a nível global”, explica Graça Fonseca
O festival vai promover uma série de “talks” que cruzam os intervenientes de diferentes áreas. “Vão decorrer no dia 25 e no dia 26. São conversas que decorrem entre as 15h30 e as 19h e que vão colocar em diálogo artistas com cientistas”, explica Graça Fonseca.
“Vamos ter, por exemplo, a Capicua em conversa com a Marina Dolbeth que é uma cientista dos oceanos. Vamos ter a Selma Uamusse em diálogo com a Marta Marques, que é uma cientista comportamental. Vamos ter o João Manzarra ou a Joana Barros e Hugo van der Ding a fazer uma conversa sobre humor e clima”, especifica a produtora do evento.
“O desafio que fizemos foi um bocadinho como consigamos sair da zona de conforto”, aponta Graça Fonseca que destaca o facto de “nem sempre vermos um cientista em diálogo com um humorista para tentar passar melhor a mensagem”.
Além das conversas, o Boil vai também contar com uma componente artística. “Vamos ter instalações de arte sobre uso da água e vamos ter uma instalação de arte sobre o plástico nos oceanos”, explica a ex-ministra, destacando também uma exposição “sobre a importância da biodiversidade que faz um diálogo entre o acervo de insetos do Museu de História Natural do Porto e instalações de arte que foram feitas especificamente para esta exposição”.
O Boil vai também ter um ciclo de cinema e documentário numa parceria com a Casa do Cinema Manoel de Oliveira e a National Geographic. Excepto as conversas, toda a restante programação artística poderá ser também vista pelo público no fim-de-semana, ao mesmo tempo que Serralves acolhe a Festa de Outono.