05 set, 2024 - 09:10 • Sandra Afonso
Os editores e livreiros estão otimistas com os índices de leitura e vendas de livros em Portugal, na antecâmara da conferência Book 2.0.
Pedro Sobral, presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), promete “dados surpreendentes” para esta quinta-feira, em que serão apresentados novos estudos sobre hábitos de leitura e compra de livros em Portugal.
Ainda assim, Portugal continua aquém da média da União Europeia (UE), refere o presidente da APEL, em declarações à Renascença.
“O mercado continua em crescimento e temos aqui um caminho positivo que podemos seguir. É importante perceber que é um caminho ainda relativamente frágil, são valores ainda relativamente incipientes, e que é preciso agora escorar do ponto de vista de políticas públicas e até do próprio setor, de forma a que comecemos a ter resultados a médio e longo prazo que sejam mais aproximados à União Europeia e à média da União Europeia”, defende Pedro Sobral.
Dois estudos vão ser apresentados durante a segunda edição do Book 2.0, que durante dois dias vai discutir no Museu do Oriente, em Lisboa, os desafios e o futuro do livro.
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Pedro Sobral diz à Renascença que este mercado precisa de apoio e dá como exemplo o cheque-livro: “O cheque-livro é um apoio ao consumo, é um estímulo à procura e que, na nossa opinião, é muito relevante. Por um lado, porque nos países onde foi implementado, como é o caso de Espanha e Itália, os resultados foram extraordinariamente positivos”.
O presidente da APEL acrescenta que o cheque-livro, como se destina a quem faz 18 anos, “permite derrubar algumas barreiras económicas, mas também alguma resistência, numa altura da nossa vida em que há muitos estímulos e há muita distração”. Por último, permite também “o regresso às livrarias destas faixas etárias mais novas”.
O poder central e as autarquias podem ainda apoiar o setor do livro com reduções fiscais ou rendas acessíveis para o retalho, defende o presidente da APEL.
Em debate este ano no Book 2.0 vai estar também “O futuro da edição na era digital”, que não é vista como uma ameaça para o setor, apesar da concorrência desleal dos operadores estrangeiros.
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Em declarações à Renascença, Pedro Sobral diz que a solução é aplicar um “preço fixo”.
“O consumo de formatos digitais, na nossa opinião, complementa aquilo que é a leitura do livro em papel. Tem benefícios para algum tipo de leitores e é preciso, obviamente, ter isso em consideração. Da mesma forma que a venda de livros online, a venda de livros em plataformas e-commerce, é também um fator positivo, desde que os players locais e os players globais que vendem livros online obedeçam às mesmas regras do mercado”, argumenta.
O presidente da APEL alerta para a existência de uma desigualdade nesse exercício das regras. “Os players locais obedecem à lei portuguesa e obedecem às regras do mercado português, há globais que não. É por isso que estamos e queremos trabalhar com o Ministério da Cultura na lei de preços fixos, que permita regular isto”, sustenta.
Está ainda prevista a apresentação de um terceiro estudo, em preparação desde a primeira edição deste evento, sobre a pegada carbónica da indústria editorial em Portugal.
O Book 2.0 já está esgotado, mas as sessões vão ficar depois disponíveis através do Spotify e do YouTube.
Este ano vão participar cerca de 20 oradores internacionais, que incluem nomes como a vietnamita Nguyen Phan Que Mai, autora do best-seller “Quando as Montanhas Cantam”; ou a colombiana Vanessa Portilla, presidente da World Literacy Foundation. Vão ainda passar pelo Museu do Oriente o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa; e a ministra da Cultura, Dalila Rodrigues; entre outras personalidades do mundo dos livros e da política.