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Tecnologia

O mais pequeno nanossatélite português vai para o espaço. O que tem de diferente?

09 jul, 2024 - 17:22 • Redação

Uma vez no espaço, o satélite criado e desenvolvido por alunos e professores do Instituto Superior Técnico (IST) vai permitir detetar aviões em cima do oceano.

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Um cubo com 10 centímetros de aresta chamado ISTSat-1 é o mais pequeno nanossatélite português a ser lançado para o espaço. Foi construído por estudantes e professores do Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa, e vai ser lançado esta terça-feira à boleia do novo foguetão europeu Ariane 6.

O lançamento está previsto para entre as 19h00 e as 23h00 de Portugal Continental, em Kourou, na Guiana Francesa.

O ISTSat-1 é o primeiro nanossatélite universitário e o terceiro português a ser lançado para o espaço. É um “descodificador de mensagens ADS-B, que é um tipo de mensagens enviadas por aviões”. À Renascença, João Paulo Monteiro, coordenador do projeto, explica que o satélite vai permitir “detetar aviões em cima do oceano, algo que não é possível fazer com radares convencionais”.

“Este serviço já existe em satélites grandes, o que nós estamos a demonstrar é que conseguimos fazê-lo com um satélite minúsculo, com muito pouca potência e com custos muito baixos”, acrescentou.

A ideia surgiu em 2008 quando “no Técnico se instalou uma estação de rastreio de satélites”. Foto: Instituto Superior Técnico
A ideia surgiu em 2008 quando “no Técnico se instalou uma estação de rastreio de satélites”. Foto: Instituto Superior Técnico
O satélite foi desenvolvido com base em teses de mestrado. Foto: Instituto Superior Técnico
O satélite foi desenvolvido com base em teses de mestrado. Foto: Instituto Superior Técnico

O nanossatélite vai entrar numa órbita circular a 580 km de altitude e com uma inclinação de 62 graus. “A essa altitude, apontando uma das antenas que temos no satélite para a Terra, conseguimos apanhar sinais que venham dos aviões. Com base nesses sinais vamos perceber se o descodificador que nós criámos e desenvolvemos está a funcionar ou não. No fundo é uma prova de conceito”, explica João Paulo Monteiro.

Uma vez no espaço, o ISTSat-1 será projetado e seguirá o seu caminho sozinho. Prevê-se que fique no espaço durante cinco anos até arder ao voltar a entrar na atmosfera.

Um satélite pensado e desenvolvido por alunos e professores

A ideia surgiu em 2008 quando “se instalou no Técnico uma estação de rastreio de satélites”. Em 2017, o satélite começou a ser produzido, depois de selecionado pelo programa “Fly your satellite” da Agência Espacial Europeia (ESA). Para João Paulo Monteiro, o objetivo é “essencialmente educacional”.

O satélite foi desenvolvido com base em teses de mestrado. “Cada um dos sistemas — gestão de energia, telecomunicações, gestão de dados, etc. foi uma tese de mestrado ou várias teses de mestrado”, clarifica o coordenador do projeto.

O ISTSat-1 deu origem a mais de 20 dissertações de mestrado, e teve o contributo de cerca de 50 pessoas, entre alunos e professores.


Equipa de lançamento do ISTSat-1. Foto: Instituto Superior Técnico
Equipa de lançamento do ISTSat-1. Foto: Instituto Superior Técnico
Rui Rocha é o professor responsável pelo projeto do ISTSat-1. Foto: Instituto Superior Técnico
Rui Rocha é o professor responsável pelo projeto do ISTSat-1. Foto: Instituto Superior Técnico

João Paulo Monteiro entrou para o projeto em 2017, depois de terminar o curso. Foi convidado pelo professor Rui Rocha, responsável pelo projeto, para fazer ali o doutoramento. “Estou desde aí a fazê-lo e, se tudo correr bem, a minha defesa de doutoramento vai ser para a semana”.

Na Guiana Francesa, local do lançamento, estão o professor responsável, Rui Rocha, e os alunos João Paulo Monteiro, Ruben Afonso e Afonso Muralha. A partir das 17h00, no Taguspark, no Instituto Superior Técnico, o lançamento também vai ser celebrado.

A bordo do Ariane 6 irão catorze outros satélites e equipamentos científicos de instituições, empresas e agências europeias.

[Notícia atualizada às 13h27 do dia 10 de julho de 2024 com duas correções. A bordo do Ariane 6 foram catorze saltélites e não dezasseis, como estava escrito. O “descodificador de mensagens é ADS-B e não ADS-C como estava escrito.]

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