09 jul, 2024 - 06:50 • Lusa
O nanossatélite português ISTSat-1, construído por estudantes e professores do Instituto Superior Técnico (IST), é lançado esta terça-feira para o espaço no voo inaugural do novo foguetão europeu Ariane 6.
O lançamento, da base espacial europeia, em Kourou, na Guiana Francesa, está previsto para entre as 19h00 e as 23h00 de Portugal continental.
O teleporto de Santa Maria, nos Açores, operado pela Thales Edisoft Portugal, vai ser a primeira estação a fornecer dados do foguetão, cujo voo inaugural "marca o regresso da capacidade operacional europeia de acesso ao espaço".
A bordo do foguetão seguirá o ISTSat-1, o primeiro nanossatélite concebido por uma instituição universitária portuguesa e o terceiro satélite português a ser enviado para o espaço, depois do nanossatélite Aeros MH-1, em março, e do microssatélite PoSat-1, em 1993, que envolveram a participação de empresas.
O ISTSat-1 vai servir para testar um novo descodificador de mensagens enviadas por aviões que permitirá a sua deteção em zonas remotas e aferir a viabilidade do uso de nanossatélites na receção de sinais sobre o estado de aeronaves, como velocidade e altitude, para efeitos de segurança aérea.
O nanossatélite, um "cubo" que custou cerca de 270 mil euros, vai estar posicionado a 580 quilómetros da Terra, acima da Estação Espacial Internacional, a "casa" e laboratório dos astronautas, e enviar os primeiros dados até cerca de um mês depois do início das operações.
Ficará em órbita entre cinco e 15 anos antes de reentrar na atmosfera.
Junto com o ISTSat-1 irão outros satélites e equipamentos científicos de instituições, empresas e agências espaciais estrangeiras.
O Ariane 6, cujo voo inaugural ocorre com um atraso de quatro anos e teve um custo de 4,5 mil milhões de euros, irá suceder ao Ariane 5, que fez o seu último voo em julho de 2023.
A Agência Espacial Europeia (ESA), da qual Portugal é Estado-Membro desde 2000, prevê um segundo lançamento, desta vez comercial, da nova gama de foguetões europeus até ao final do ano. Para os dois anos seguintes estão programados 14 voos.
O nanossatélite vai servir para testar um novo des(...)
O gestor de missão do novo foguetão é o luso-belga Tony dos Santos, a quem se juntarão outros portugueses.
"O meu principal objetivo é garantir que todas as fases da campanha de lançamento decorram de forma harmoniosa e segura", sintetizou à Lusa Tony dos Santos, que trabalha desde 2011 na Agência Espacial Europeia (ESA), responsável pela certificação do voo, e desde 2014 no projeto do Ariane 6.
Na prática, o engenheiro nascido e criado na Bélgica, mas filho de pais portugueses, vai "coordenar todas as atividades" de lançamento, incluindo o controlo da preparação dos sistemas de monitorização de voo, a avaliação pós-voo e a confirmação de parâmetros dos satélites que seguirão a bordo, como comunicação de dados, localização, segurança e sistemas meteorológicos.
Tony dos Santos explicou que o Ariane 6, sucessor do Ariane 5, no qual trabalhou e que fez o seu último voo em julho de 2023, permitirá assegurar "o acesso autónomo e garantido da Europa ao espaço", possibilitando-lhe "cumprir todas as suas missões em investigação científica, iniciativas estratégicas, crescimento económico, mantendo colaborações espaciais internacionais e sustentando a liderança tecnológica da Europa".
Segundo o gestor de missão, a nova gama de foguetões europeus foi construída para ter uma "versatilidade muito maior e custos significativamente reduzidos", permitindo duplicar a taxa de lançamentos para o espaço.