01 out, 2023 - 15:10 • Marta Pedreira Mixão com Reuters
Investigadores identificaram vestígios de DNA em restos fossilizados de uma tartaruga, com seis milhões de anos.
Segundo os investigadores, é muito raro identificar material genético em fósseis tão antigos de um vertebrado porque o ADN é muito perecível, contudo, nas condições corretas pode ocorrer a preservação desse material. E, neste caso, algumas células ósseas – os osteócitos – foram preservadas.
O fóssil pacial, sem o resto do esqueleto, mas com a carapaça relativamente completa, foi identificado ao longo da costa do Panamá em 2015. A tartaruga teria cerca de 30 centímetros de comprimento quando viva.
Segundo os investigadores, em alguns dos osteócitos identificados, os núcleos das células foram preservados e reagiram a uma solução química que permitiu identificar a presença de restos de ADN – a molécula que transporta a informação genética para o desenvolvimento e funcionamento de um organismo.
"Quero salientar que não extraímos ADN, apenas conseguimos reconhecer a presença de vestígios de ADN nos núcleos", explicou o paleontólogo Edwin Cadena, autor principal do estudo publicado no Journal of Vertebrate Paleontology.
No ano passado, os investigadores relataram também a descoberta de ADN de animais, plantas e micróbios, com cerca de 2 milhões de anos, em sedimentos no remoto ponto mais a norte da Gronelândia.
Segundo Cadena, os únicos fósseis de vertebrados mais antigos do que esta tartaruga, e nos quais foi identificado DNA, foram dois dinossauros – o Tiranossauro, que habitou a Terra há cerca de 66 milhões de anos, e o Braquílofossauro, há cerca de 78 milhões de anos.
A tartaruga é do género Lepidochelys, o mesmo que duas das sete espécies de tartarugas marinhas existentes no mundo – a tartaruga-de-kemp, que é a tartaruga marinha mais pequena do mundo, e a Tartaruga-oliva.
Este fóssil torna-se assim o mais antigo conhecido de Lepidochelys e contribui para clarificar a evolução deste género, afirmaram os investigadores.