05 mai, 2023 - 11:33 • Maria João Costa
“Senti que tinha de amadurecer algumas coisas na minha vida”, conta Peu Madureira sobre o disco de estreia “Espera”. O álbum teve o seu lançamento oficial esta semana num concerto no Palácio Fronteira em Lisboa onde marcaram presença muitas figuras do fado.
Aos 36 anos, e 5 anos depois de ter participado no Festival da Canção, Peu Madureira explica que precisou de tempo para editar o disco. Em entrevista ao programa Ensaio Geral, da Renascença o fadista conta que “o tempo de espera foi necessário”.
Precisou de “ouvir mais, ler mais, procurar mais” para “descobrir quem era, e aquilo que gostava”. O disco produzido por Diogo Clemente, é por isso, nas palavras de Peu Madureira “um sonho realizado”.
“Há coisas aqui que estão cantadas e gravadas, nem sei, se calhar quase há 2 anos. É bom saber que isto vem cá para fora” conclui o fadista que se estreou no fado em 2002. Desde então tem cantado em diversas casas de Fado e representou Portugal em vários eventos internacionais.
Neste primeiro trabalho discográfico, Peu Madureira rodeou-se de músicos como o guitarrista e seu produtor Diogo Clemente, o pianista de jazz Júlio Resende, o guitarrista Ângelo Freire e o baixista Marino de Freitas.
Nas letras canta poetas como Daniel Faria ou Manuel Alegre, e interpreta também fados escritos por Tiago Torres da Silva ou Ricardo Anastácio. Sobre o processo de composição do disco, o fadista explica: “Gostamos de um poema e quando o lemos, tem um certo ritmo. As palavras imprimem um certo ritmo à música. Portanto, temos de perceber se vamos escolher um fado rápido ou um fado lento para o cantar”.
É a partir do poema que procura a melodia certa, indica Peu Madureira nesta conversa que antecedeu o concerto de apresentação do disco. O fadista acrescenta que “o Diogo Clemente ajudou muito na procura do fado e da melodia certa”
Filho de uma professora de História, licenciado também em História, pela Universidade Nova de Lisboa, Peu Madureira, trabalha agora na área das antiguidades. Interrogado se é agora, com o novo disco que se dedica a tempo inteiro à carreira de fadista, Peu Madureira deixa o destino em aberto
“A única coisa que posso dizer é que nos meus 36 anos de vida, a minha vida nunca foi uma carta fechada. Eu tirei o curso de História, depois comecei a trabalhar em antiguidades, já fui professor de quinto e sexto ano. Já cantei no Festival da Canção, já fui fadista. Portanto, a certa altura acho que as nossas vidas, hoje, pedem de nós que sejamos muito versáteis e multifacetados. A minha vida acho que vai ser sempre assim”, explica Peu Madureira.