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D. Maria II

Peça "O Misantropo" servida como "um peru de Natal", mas com carne de "frango"

10 mar, 2023 - 08:09 • Maria João Costa

Estreia sábado, no Teatro Municipal de Bragança, a peça que Hugo van der Ding e Martim Sousa Tavares escreveram a partir do clássico “O Misantropo”, de Moliére. Em palco uma comédia bem-humorada junta duas gerações de atores. Pelo meio, há uma tentativa de assassinato do rei D. João V.

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Hugo van der Ding recorre a termos culinários para explicar que peça vão servir ao público. “O Misantropo”, que escreveu com Martim Sousa Tavares, a partir do clássico de Molière, é, nas suas palavras, “como se fosse um peru da Natal” onde tiraram “a carne e as penas” e colocaram lá dentro “uma espécie de frango, misturado com porco e carne de vaca picada”.

Pode até não parecer muito apetitoso o prato, mas se traduzirmos isto para a linguagem teatral, aquilo que vão dar ao público a partir deste sábado no Teatro Municipal de Bragança é uma peça bem-humorada.

A partir de Molière, e traduzindo o texto poético, os dois criadores respondendo a “um convite de Pedro Penim”, trabalharam numa “tradução livre” da obra de um dos pais do teatro, diz Hugo van der Ding.

“Nós pegamos no texto. É um texto em verso e em francês. Duas coisas que são uma combinação explosiva! A tentação era reescrever, então pegamos na estrutura como se fosse um peru da Natal, estão lá os ossos. Tiramos a carne e as penas e mudámos”, explica o humorista, que assim trabalhou a proposta do diretor artístico do D. Maria.

O texto, que pensaram para cada um dos atores, entregaram-no à atriz e encenadora Mónica Garnel que, segundo Hugo van der Ding, teve “o trabalho de por no forno” o tal peru teatral. Numa entrevista marcada pela boa disposição, Garnel e Ding dizem sobre Penim: “Ele sabia que nos odiávamos?”

Fora de brincadeiras, a encenadora explica que se tratou de um “um ótimo encontro” artístico. “Começamos a reunir um bocadinho antes do texto aparecer. Também já tinha algumas ideias que passei ao Hugo e ao Martim, portanto, já tinha à partida, uma ideia, uma vontade de trabalhar em dois planos”, indica Mónica Garnel.

Em palco, ao mesmo tempo que assistimos a uma companhia formada ad doc a tentar por de pé a encenação da peça O Misantropo, assistimos em paralelo às peripécias dos atores e encenadores vestidos com fatos de época, cheios de cabeleiras à seculo XVII.

Mónica Garnel explica ao Ensaio Geral da Renascença que, por um lado, surgem os “bastidores e no outro a possibilidade de haver a peça”. A história adensa-se porque e “fica mais desconcertante”, segundo a encenadora, porque aos poucos o público vai conhecendo as verdadeiras razões de cada um dos atores que quer fazer "O Misantropo". E um deles tem uma arma na mão e a vontade de matar o rei.

No palco, há um encontro de gerações de atores. Nos principais papeis estão atores com caras bem conhecidas do público como Ana Guiomar e Manuel Moreira ou José Neves e Manuel Coelho. O elenco conta também com David Esteves, Inês Vaz, Joana Bernardo e João Vicente.

Depois de Bragança a peça segue em digressão nacional ao longo do ano. Vai estar em Santa Maria da Feira a 25 de março e depois passa por dezenas de concelhos do continente, mas vai também aos arquipélagos dos Açores e Madeira, no âmbito da Odisseia Nacional do Teatro Nacional D. Maria II.

Ainda no sábado, em Bragança, a peça será antecedida pelo lançamento do livro com o texto original do espetáculo, numa edição do TNDM II/Bicho-do-Mato, integrada na coleção Textos de Teatro.

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