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“Maestro”, o documentário sobre Ennio Morricone que amou a música como filhos

02 fev, 2023 - 08:30 • Maria João Costa

Estreia esta quinta-feira, “Ennio, o Maestro”. O documentário de Giuseppe Tornatore revela a história do autor de centenas de bandas sonoras de filmes que se tornaram ícones musicais, como Cinema Paraíso ou A Missão. O filme mostra “com dignidade”, mas também sem esconder as “fragilidades” a vida do compositor, diz o filho Marco Morricone.

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Os mais distraídos podem não conhecer o seu nome, mas certamente já se cruzaram com a sua música. Ennio Morricone, o compositor italiano que morreu em 2020 aos 91 anos, escreveu mais de 500 bandas sonoras. A sua vida chega agora ao cinema no documentário “Ennio, o Maestro”, assinado por Giuseppe Tornatore.

O filme traça um retrato íntimo do compositor de músicas icónicas como as dos filmes “A Missão”, “Cinema Paraíso”, “O Bom, o Mau e o Vilão” e “Era uma vez na América”. Morricone conversa na primeira pessoa com o autor do documentário, não escondendo as suas fragilidades.

Em entrevista à Renascença, de passagem por Lisboa para a promoção do filme, o filho mais velho do músico, Marco Morricone, conta que o documentário dá a conhecer duas dimensões da mesma pessoa.

“Enquanto homem, era muito reservado, dedicado ao trabalho e à sua profissão e estudava sempre para melhorar o seu desempenho”, já sobre o compositor, explica que era alguém que “graças ao seu pai descobriu que tinha um talento, e cultivou esse talento para trabalhar e superar-se sempre mais”.

Nesta longa entrevista a Morricone, numa sala cheia de livros, discos e partituras, já no final da sua vida, o compositor explica como o cinema entrou na sua vida. “Ennio, o Maestro” é um documentário que é também enriquecido por uma mão cheia de testemunhos sobre a vida deste compositor diversas vezes premiado.

Além de figuras ímpares do cinema como os realizadores Clint Eastwood, Quentin Tarantino, Bernardo Bertolucci ou Wong Kar Wai, surgem no filme vozes como as do músico Bruce Springsteen ou Hans Zimmer. Todos falam com admiração da obra de Ennio Morricone.

"Amava tudo o que escreveu"

Questionado sobre qual seria a banda sonora da vida do pai, o filho Marco Morricone, que geriu nos últimos 30 anos a carreira do compositor, refere que “ele não tinha um filme preferido”. “Amava tudo o que escreveu, mesmo as coisas de menor valor, mas amava-as porque eram filhos de um grande trabalho interior e uma grande tormenta”, explica.

O maestro que nunca quis abandonar a sua cidade natal, Roma, deixou aos seus descendentes uma herança musical. Os filhos são hoje, em diferentes dimensões, guardiões da sua obra. Marco Morricone indica que o seu irmão Andrea, que considera “um grande e enorme diretor de orquestra”, tem vindo a apresentar em concerto pelo mundo a música do “papá”, como carinhosamente lhe chama.

Nessa tournée a música é apresentada “tal como ele a escreveu e arranjou”. Quanto aos outros seus filhos, onde se inclui Marco, que não estudaram música, diz que o pai lhes deixou “uma grande responsabilidade”. Questionado sobre que responsabilidade é essa, explica: “Manter e fazer respeitar o que ele fez, e dignificar tudo o que ele fez”.

Duas vezes vencedor do Óscar da Academia, e autor de mais de 500 partituras para o cinema, Ennio Morricone diz neste filme que “nunca pensou que a música seria o seu destino”. No documentário, além do testemunho na primeira pessoa e de outros tantos admiradores, surgem imagens de gravações dos espetáculos, excertos dos filmes e imagens inéditas dos arquivos pessoais do compositor.

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