Tempo
|
A+ / A-

Academia Skoola

​A música como "direito humano" deve estar a acessível a todos

09 dez, 2022 - 07:10 • Ângela Roque

Mariana Duarte Silva, da Academia de Música Urbana Skoola, fala do projeto de cariz social que desde 2021 acolhe jovens de várias idades e contextos sociais, promovendo a sua inclusão e capacidades. Domingo, 11 de dezembro, os alunos sobem ao palco, com os ministros da Cultura e da Coesão Territorial na primeira fila.

A+ / A-
Entrevista a Mariana Duarte Silva, responsável da Academia de Música Urbana Skoola
Entrevista a Mariana Duarte Silva, responsável da Academia de Música Urbana Skoola

A música como “direito humano” deve estar a acessível a todos, defende Mariana Duarte Silva. Em declarações à Renascença, a responsável pela Academia de Música Urbana Skoola fala do projeto de cariz social que, desde 2021, acolhe jovens de várias idades e contextos sociais de Lisboa, promovendo a sua inclusão e estimulando as suas capacidades:

"É uma academia de música que utiliza o ensino não formal da música urbana que os jovens ouvem, e que como arte e como direito humano deverá ser acessível a todos. Esse impacto que a música tem na vida deles acaba por lhes dar novas oportunidades, novos pensamentos, o que acaba por ter também um impacto grande nas suas vidas. E como trabalhamos com jovens que sabem música, com outros que não sabem, e com jovens de todos os contextos sociais e económicos, acaba por haver uma inclusão social, no sentido em que estão todos juntos a aprender música”, refere Mariana Duarte Silva.

O projeto funciona por ciclos, que correspondem aos períodos escolares. “Trabalhamos com cerca de 50 jovens em cada ciclo. Este iniciou-se em setembro e termina agora no Natal. Depois, se tudo correr bem, começará um novo em janeiro, que terminará na Páscoa ”, explica à Renascença.

"A metodologia da Skoola requer que, ao longo de 10, 12 semanas, o grupo trabalhe os seus objetivos: escrever uma música, fazê-la na parte mais eletrónica ou instrumental, e apresentá-la no final. O grupo é dividido em quatro turmas, são separados pelas idades - dos 10 aos 13 e dos 14 aos 18 -, e ao longo destas semanas vão trabalhando com os professores para criarem as suas músicas. São sempre músicas originais.”

No final de cada ciclo, os alunos apresentam o trabalho que fizeram. “É um momento de grande alegria para todos”, sublinha Mariana Duarte Silva. É o que vai acontecer já no próximo domingo, 11 de dezembro, quando 50 alunos subirem ao palco do Village Underground Lisboa.

Na primeira fila estarão a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, e o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva. Os alunos ainda não sabem, mas a diretora da Skoola acredita que vão gostar de ver o seu trabalho assim valorizado.

"Espero que sim. Eu ainda não lhes disse, para não causar grande nervosismo, mas para nós, e para eles, será com certeza importante ter ali tanto a ministra da Coesão Territorial, que tem a tutela do financiamento deste projeto, como o ministro da Cultura, porque este projeto pretende democratizar a cultura e fazê-la chegar a todos os jovens.”

A Skoola começou a funcionar em abril de 2021, mas “antes de ser uma Academia aberta todos os dias, já era um projeto para as férias escolares dos jovens” desde 2018, explica Mariana Duarte Silva, que faz um balanço muito positivo e recompensador do trabalho feito. “Muito recompensador. Também, e muito, pelo cariz mais social, mas essencialmente pelo cariz cultural e de poder dar a oportunidade a muitos jovens de fazerem música e criarem os seus próprios caminhos, de não lhes ter que ser imposta sempre uma cultura que muitas vezes não é acessível, mas que eles possam participar nela democrática e ativamente, e possam eles próprios criar a sua música e dar azo à sua criatividade. Portanto, mais do que o lado social, que vem inevitavelmente por acréscimo, para mim é mesmo a parte da democratização da música para todos que é mais recompensadora".

Mariana Duarte Silva é a responsável pela Academia de Música Urbana Skoola. Fotos: Catarina Laborim
Mariana Duarte Silva é a responsável pela Academia de Música Urbana Skoola. Fotos: Catarina Laborim

A Academia de Música Urbana Skoola funciona no Village Underground Lisboa, em Alcântara, que em 2019 foi distinguido pela revista Forbes como “um dos locais de trabalho mais disruptivos do mundo”, um espaço do qual Mariana Duarte Silva é também co-fundadora.

Esta “escola aberta a todos” utiliza um “modelo totalmente diferenciado de educação não formal”, onde o foco é o jovem. É financiada pelo ministério da Coesão Territorial, através do projeto ‘Portugal Inovação Social’, que permite que alguns alunos tenham bolsa. Outros pagam propinas, ajudando a integração dos que têm mais dificuldades.

A Skoola está atualmente a colaborar com o ensino público, nomeadamente com o Agrupamento de Escolas Marquesa de Alorna (AEMA) e com a Escola Superior de Educação de Lisboa (ESEL), responsáveis pelo projeto ‘Sons em Mudança’.

Os pormenores sobre a escola e o projeto podem ser consultado no site da Academia. “Têm lá todas as informações mais pormenorizadas sobre o método de ensino, que nos é trazido pela Escola Superior de Educação e a Escola Superior de Música de Lisboa, e todos os detalhes de como é que funciona, os horários, a equipa e também a informação sobre os próximos ciclos”.

As inscrições “estão sempre abertas”, e “quem tiver interesse em fazer ciclos mais pequenos durante as férias escolares também há essa oportunidade. A informação está toda no site”.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+