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Família coleciona memórias pelo mundo antes que os filhos fiquem cegos

26 set, 2022 - 16:15 • Pedro Valente Lima

Três dos quatro filhos do casal do Québec sofrem de uma doença rara que os deverá cegar brevemente. De modo a oferecer às crianças "memórias visuais" do "quão belo o mundo é", os pais decidiram partir numa viagem de um ano.

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Mia, Colin e Laurent sofrem de uma condição rara que, muito em breve, os deverá cegar. Face ao inevitável, os pais, Edith Lemay e Sébastian Pelletier, decidiram levar os filhos numa viagem inesquecível e repleta de experiências e paisagens coloridas de todo o mundo.

A aventura, que se prevê que dure um ano, começou a 25 de março, com a família canadiana a fazer as malas para o primeiro destino: a Namíbia.

A viagem já vai a meio, completando agora seis meses, passados em vários continentes e em países como Zâmbia, Tanzânia, Turquia, Mongólia e Indonésia.

Três dos quatro filhos do casal do Québec padecem de uma doença genética rara, chamada retinite pigmentosa, que raramente demonstra quaisquer sintomas.

“O que acontece é que as células das suas retinas estão a morrer lentamente e vão perdendo a visão de fora para dentro”, explica a mãe.

No momento do diagnóstico, os especialistas aconselharam os pais a criar memórias visuais a partir de livros, mas não ficaram convencidos: "Não lhes iria mostrar livros, mas sim levá-los a ver um elefante ou uma girafa reais".

"Ao pensar nisso, decidimos que poderíamos apostar as fichas todas e mostrar-lhes o mundo. Mostrar-lhes o quão belo o mundo é, para preencher as suas memórias visuais com o máximo de coisas belas que nós conseguirmos", realça Edith.

De maneira a reduzir custos e a tornar os filhos "um pouco mais resilientes", os pais investiram numa experiência mais 'crua', "porque, ao longo das suas vidas, eles vão precisar dessa resiliência".

As viagens, quando possível, são feitas de comboio ou caravana, por exemplo. Pelos sítios em que passaram, já mergulharam no rio, escalaram rochas, andaram de mota no deserto e até passearam de balão de ar quente. Os duches chegam a ser tomados na floresta, a partir de um saco de água fria.

“Eu não quero que eles vejam o que lhes está a acontecer como uma maldição, ou como algo terrível. Eu quero que eles vejam que isto é parte dos seus trajetos de vida. Eles têm um grande desafio [pela frente], mas têm todas as ferramentas para enfrentar esses obstáculos", reforça a mãe.

Ao longo destes meses, os filhos mostram-se felizes com as experiências que têm vivido e as memórias que têm guardado.

Para Laurent, andar de balão de ar quente foi o seu momento favorito, enquanto que Leo preferiu a diversão nas ondas do Bali. A Mia adorou quando montou a cavalo na Mongólia, enquanto Colin simplesmente gostou de dormir num comboio.

Com seis meses de viagem ainda pela frente, a família canadiana continua a colecionar os melhores momentos de um livro de memórias para a vida.

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