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A saga continua. Amber Heard vai recorrer da condenação por difamação de Johnny Depp

03 jun, 2022 - 12:08 • Marta Grosso

A atriz diz não ter dinheiro para pagar os 15 milhões de dólares decretados pelo tribunal e considera a sentença um retrocesso na luta contra a violência doméstica. Advogada acusa equipa de Depp de “demonizar” Amber em tribunal.

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Amber Heard vai recorrer da sentença proferida pelo tribunal de Fairfax (EUA), que considerou a atriz culpada do crime de difamação do ex-marido, Johnny Depp, obrigando-a a pagar 15 milhões de dólares ao ator.

O anúncio do recurso é feito pela advogada de Amber Heard, em entrevista ao programa de televisão “The Today Show”, na quinta-feira.

“Absolutamente. E tem sustentações excelentes para o fazer”, afirmou Elaine Bredehoft ao ser questionada sobre um eventual recurso da atriz.



Segundo a advogada, Amber não tem como pagar os 15 milhões a Depp. Além disso, está bastante desapontada com o veredito.

“Uma das primeiras coisas que disse foi: 'Sinto muito por todas aquelas mulheres por aí'", recorda a advogada na entrevista, aludindo ao que a atriz escreveu na sua conta no Instagram.

“A minha desilusão hoje está para lá do que as palavras podem transmitir. Estou devastada por a montanha de provas não ter sido suficiente para derrotar o poder e influência desproporcionais do meu marido e afastá-lo.

“Estou ainda mais desiludida pelo que este veredicto representa para outras mulheres. É um retrocesso. Faz recuar o relógio ao tempo em que a mulher que falasse em público sobre o que se passava em casa era humilhada. É um retrocesso na ideia de que a violência contra as mulheres tem de ser encarada com seriedade”, escreveu.


Na entrevista ao “The Today Show”, a advogada de Amber Heard acusa a equipa de Johnny Depp de “demonizar” a atriz em tribunal. Elaine Bredehoft recorda o resultado do julgamento no Reino Unido, em 2020, que o ator perdeu. Depp processou o tabloide “The Sun” por difamação, depois de o jornal o ter chamado “espancador de esposas”, na sequência do artigo que Amber tinha escrito em 2018 no “Washington Post”.

“O tribunal achou que Depp havia cometido pelo menos 12 atos de violência doméstica, incluindo violência sexual contra Amber”, lembrou Bredehoft. “E o que é que a equipa de Depp aprendeu com isso? A 'demonizar' Amber e suprimir as provas”, defendeu.

“Tínhamos uma enorme quantidade de provas que foram excluídas neste caso e que estavam no caso do Reino Unido”, acrescentou ainda.

Johnny Depp e Amber Heard casaram em 2015 e divorciaram-se em 2017. Processaram-se mutuamente por difamação: ele, alegando que a atriz o difamou no artigo do "The Washington Post"; ela, por um antigo advogado do ator.

Após seis semanas de um julgamento muito mediático, transmitido em direto nas televisões e até nas redes sociais a partir de Fairfax, o júri decidiu que Johnny Depp tinha razão. Mas Amber Heard não aceita o veredicto final.

Na opinião da advogada Elaine Bredehoft, as redes sociais influenciaram o julgamento. As manifestações nas plataformas tiveram consequências sobre o caso, ainda que os jurados tenham sido instruídos a não olhar para as redes sociais.

“Não há como não terem sido influenciados e foi horrível”, afirmou. “Realmente, foi desequilibrado. Eu era contra as câmaras no tribunal e registei e argumentei contra isso por causa da natureza sensível do tema. Mas tudo se transformou num zoológico”, acusa.


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