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Novo presidente da Gulbenkian antevê “forte turbulência na carteira de investimentos”

03 mai, 2022 - 20:50 • Maria João Costa

No discurso de tomada de posse, António Feijó, que sucede a Isabel Mota como presidente da Gulbenkian elegeu o conhecimento, a coesão social e a sustentabilidade como finalidades da ação da fundação. Feijó admitiu que “nenhuma fundação filantrópica alguma vez dispõe de todos os bens necessários para a sua atividade”.

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O novo presidente da Fundação Calouste Gulbenkian admite que a atual situação dos mercados faz antever uma “forte turbulência na carteira de investimentos”. António Feijó que sucede a Isabel Mota no cargo, reconheceu, no seu discurso de tomada de posse, que embora, “nenhuma fundação filantrópica alguma vez dispõe de todos os bens necessários para a sua atividade”, é necessária uma “gestão prudente do património”.

Professor de Literatura, António Feijó é o sétimo presidente na história da fundação e o primeiro a assumir funções, sem vir das áreas da Economia ou Direito. No discurso, na sala de Honra da Gulbenkian, o novo presidente começou por enaltecer o trabalho da equipa daquela instituição que lembrou, foi muitas vezes vista, no passado, como “o ministério da cultura oficioso de um país em grande parte desprovido de estruturas nesse domínio”.

Eleito em dezembro do ano passado, António Feijó integrava já o conselho de administração da Gulbenkian desde 2018, como administrador não-executivo. No seu discurso, o professor catedrático lembrou o “conjunto dos quatro fins estatutários originais” da Gulbenkian: “a arte, a ciência, a educação e a beneficência” e acrescentou que no ano que termina essas finalidades ficaram no “conhecimento, coesão social e sustentabilidade”.

Face às “pressões da conjuntura”, António Feijó reconheceu que poderão juntar-se outros fins ao elenco de eixos de ação da fundação. Evocando o fundador, o novo presidente lembrou: “A Fundação é uma instituição filantrópica, que acolhe um legado deixado por uma personalidade de uma dimensão maior e rara, no seu tempo e no seu século, Calouste Sarkis Gulbenkian. Estatutariamente definida como perpétua, impõe a quem de momento a dirija o dever de procurar assegurar esse fim, de proteger a integridade desse legado”.

Assumindo agora funções, António Feijó sublinha que “tem sido assegurada pela gestão prudente do património” da Gulbenkian, mas que “se o património da Fundação tem tido, em anos recentes, um incremento expressivo, e o seu ativo atingiu, de facto, no final de 2021, um valor máximo histórico, a volatilidade constitutiva dos mercados, de que o ciclo económico recente é a instanciação, deixa entrever a forte probabilidade de turbulência na carteira de investimentos”.

Ainda na sessão, a antecessora de Feijó, Isabel Mota, que foi a primeira mulher presidente do concelho de administração da Gulbenkian, referiu-se aquela instituição como “um universo mágico particularmente rico onde se cruzam saber, independência, reflexão, cultura e natureza”.

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