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Pós-pandemia, Erika de Casier quer trabalhar com mais pessoas em músicas novas

29 abr, 2022 - 11:33

A artista Erika de Casier, que dá hoje início a uma série de dois concertos em Portugal, está a trabalhar em material novo, para suceder ao álbum "Sensational", querendo colaborar com o máximo possível de pessoas, no pós-pandemia.

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Em entrevista à Lusa, dias antes do regresso a Portugal, a artista realçou que, depois de um disco criado no contexto da pandemia de Covid-19, em que trabalhou em conjunto com o produtor Natal Zaks, a ideia agora é ter o maior número possível de pessoas nos novos temas, ainda sem data de lançamento.

"Estou, definitivamente, com mais vontade de trabalhar com pessoas. Durante a pandemia, fui só eu no meu quarto e depois o Natal, só nós os dois a trabalhar no "Sensational", que foi super-íntimo e super-intenso. Foi como um vácuo no tempo", disse a música, nascida em Portugal, mas que se mudou para a Dinamarca com oito anos.

No novo material, a artista disse que já foi possível gravar bateria e está a "planear ter tantas pessoas quantas possível".

"Tendo em conta que estive a trabalhar tanto sozinha, estou mesmo à procura de fazer música com outros", disse a artista, que viu os seus dois álbuns surgir em múltiplas listas de melhores discos dos respetivos anos.

Questionada sobre se a mudança para a 4AD, editora independente de renome que publica grupos como The National, Tune-Yards e Big Thief, acarretou alguma mudança na forma de criar, a artista rejeitou que tal tenha acontecido, exceto no que diz respeito às expectativas do público.

"A 4AD tornou as coisas mais fáceis para mim. Gosto de prazos. Gosto de ver as coisas a acontecer. Adoro as pessoas com quem trabalho. Em termos de música, não mudou nada. Não me dizem "devias ter mais isto" [numa canção]", disse Erika de Casier.

Por outro lado, a artista, que se diz uma perfeccionista, "boa a sobrepensar nas coisas", reconheceu que há uma maior expectativa por parte do público: "Sinto mais pressão, mas estou a ficar melhor a lidar com essa pressão".

"Se estou no estúdio a pensar no que as pessoas pensam ou esperam, não vai ser um bom dia no estúdio", realçou.

Nascida em Portugal, filha de pai cabo-verdiano e mãe belga, Erika de Casier mudou-se com a mãe para a Dinamarca quando tinha 8 anos, onde teve de lidar com a perda de contacto com parte do seu passado num país diferente com uma língua diferente, mais "cinzento e frio".

Só voltou a visitar Portugal já com 16 anos, reconhecendo que mantém uma "ligação emocional" ao país, pelas memórias que guarda, numa "nostalgia algo triste". Da língua, conta, entre risos, que consegue falar "como uma criança".

Erika de Casier teve aulas de piano em pequena, mas não gostou da formalidade clássica, embora constate que lhe permitiu ter bases para o que veio depois. Sempre ouviu muita música e, no liceu, uma vez, criou uma canção com um colega para um concurso.

"Pensei que foi a coisa mais divertida que alguma vez tinha feito. Deu-me um propósito ou algo assim. Hoje vejo isso. Na altura, só pensava "uau, o que é isto, é divertido", mas depois do liceu sentia falta dessa sensação", contou.

De Casier começou pela produção, a gravar sons, a criar pequenas harmonias, depois frases e versos, até chegar aos refrões: "Não sabia muito sobre composição, mas depois um botão ligou-se e percebi, a forma clássica de uma canção pop, então tornou-se intuitivo".

"Desde então tenho procurado "desaprender" isso, fazer as coisas de outra maneira que não "temos o verso, o refrão, etc". Costumava escrever muitos diários e depois comecei a escrever canções. Parei de escrever diários e as canções tomaram conta dessa parte da expressão", disse a artista, que já trabalhou com o coletivo Regelbau e formou Saint Cava com Andreas Vasegaard.

Erika de Casier atua, esta sexta-feira, na Galeria Zé Dos Bois, em Lisboa, para depois dar um concerto no gnration, em Braga, no contexto do 9.º aniversário da sala.

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