Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Musica

Milton Gulli canta "Quotidiano" de sobrevivência em Moçambique

29 abr, 2022 - 17:33 • Maria João Costa

O ex-vocalista dos Cool Hipnoise lança álbum a solo. Com 25 anos de carreira, e depois de uma longa estada em Moçambique, o músico luso-moçambicano compôs “Quotidiano”, um disco que diz ser um retrato fotográfico de histórias de sobrevivência

A+ / A-

Vinte e cinco anos de carreira e o primeiro disco a solo. O músico Milton Gulli está a lançar “Quotidiano”. O disco reúne 10 novas canções que o artista escreveu quando foi viver para Moçambique. Depois de estar ligado a projetos musicais como os Cool Hipnoise ou Cacique’97, Milton admite que “ter um álbum a solo é outra responsabilidade”

“É o meu nome que está em jogo”, afirma e acrescenta, “é desafiante”. Em entrevista ao programa Ensaio Geral da Renascença, Milton Gulli reconhece que “nunca tinha pensado muito a sério em fazer um disco a solo” e que estar envolvido noutros projetos musicais lhe roubo esse tempo e disponibilidade.

Agora apresente este “Quotidiano”, como um retrato musical de Moçambique. Foi quando se mudou para o país que também é seu, em 2011 que começou a compor. “Apercebi-me que nenhuma das composições encaixava nos projetos que eu já tinha. Nem nos Cacique’97, nem nos outros projetos e comecei a aperceber-me que havia um fio condutor”, conta.

Esse fio era “a luta diária pela sobrevivência” e as “histórias do dia-a-dia”. Nas palavras do artista este álbum “é um bocadinho o retrato fotográfico” do que viu do povo moçambicano. Milton Gulli diz mesmo que o disco “acaba por ser uma espécie de crónica”

Com produção sua e masterização de Beat Laden, “Quotidiano” foi inspirado por aquilo que o olhar captou. Retrata “as pessoas que todos os dias saem dos subúrbios para irem trabalhar na cidade, com salários muito baixos. As que saem dos subúrbios para irem apenas ganhar o dinheiro do dia-a-dia, para comer no próprio dia”.

A este retrato soma-se outro, cantado em “Puto”, o da “situação das crianças de rua. Há muitas em Moçambique, especialmente em Maputo”, explica Milton Gulli. Noutro tema, como “Jogador” fala também sobre o racismo, “a partir de uma história de racismo num jogo de futebol” e, onde acabar “por falar do racismo em geral”.

Mas não são só questões mais políticas. Milton Gulli lembra os seus fãs que “também tem um ou dois temas mais românticos que falam mais sobre amor”. Neste retrato musical há temas que têm a ver com a vida em África, “mas muitas coisas poderiam ser facilmente aplicadas para a Europa e Portugal”, refere o cantor.

Exemplo disso é o tema “Algoritmo”, sobre as redes sociais. “Acho que as redes sociais hoje em dia afetam todo o mundo. Esta polarização das opiniões, e do pensamento político e social é uma coisa que afeta muito a opinião das pessoas e influencia o estado das coisas hoje em dia”, conclui Milton Gulli que remata a entrevista refletindo que: “Quotidiano é um bocado a soma de todas as coisas que tenho feito nestes últimos 20 anos. É um caldeirão onde se junta tudo”.

Tópicos
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+